Disputas internas da legenda motivaram decisão; partido tem ‘alas’ governistas e de oposição. Grupo de Pedro Lucas temia perder liderança na Câmara com saída de deputado. O União Brasil anunciou nesta terça-feira (22), em nota, que o deputado Pedro Lucas (União-MA) decidiu recusar o convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir o Ministério das Comunicações.
“Após uma avaliação cuidadosa, e em consonância com a bancada federal, o deputado Pedro Lucas optou por permanecer à frente da liderança do União Brasil na Câmara, posição estratégica para o partido diante da complexidade da agenda legislativa que se apresenta”, diz a legenda.
A nota (leia íntegra abaixo) é assinada pelo presidente do partido, Antonio Rueda.
O comando da pasta está vago desde o dia 8 – quando Juscelino Filho, hoje ex-ministro, foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) por supostas irregularidades em emendas parlamentares.
No dia 10, a situação parecia resolvida. Lula se reuniu com a articulação política e Pedro Lucas em um jantar. Na saída, a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) afirmou que o parlamentar aceitou o convite, mas pediu um tempo para conversar com a bancada.
O cenário, no entanto, se mostrou mais nebuloso. No dia seguinte, o deputado usou as redes sociais para indicar que ainda não tinha decidido.
“Agradeço a confiança em meu nome e ressalto que, conforme alinhado com o próprio presidente, qualquer definição será construída coletivamente, em diálogo com a bancada do União Brasil na Câmara dos Deputados, da qual tenho a honra de ser o líder”, escreveu.
Desde a semana passada, Pedro Lucas já vinha avisando a boa parte da bancada que iria continuar na Câmara e recusar o ministério.
Segundo aliados, o anúncio ao governo não foi feito antes por conta da semana esvaziada em meio aos feriados emendados.
➡️ O pano de fundo para a desistência é a disputa pela liderança do partido na Câmara.
➡️ Pedro Lucas foi eleito líder da bancada no início do ano, em um processo conturbado e com outros dois candidatos.
➡️ Na ocasião, muitos parlamentares acusaram Rueda de ter interferido no processo para transformar seu aliado em líder.
O receio da cúpula do União Brasil é que, com a saída de Pedro Lucas, Rueda perca a influência no posto – que tem função importante, por exemplo, na distribuição de emendas parlamentares e de decisões-chave dentro da Câmara dos Deputados.
Com a mudança, um deputado da ala oposta a Antonio Rueda poderia assumir a função.
➡️ O imbróglio também envolve o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que tenta emplacar na liderança do partido na Câmara o nome do deputado Juscelino Filho (União-MA).
Juscelino deixou o cargo de ministro das Comunicações após ter sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e voltou para o seu mandato na Câmara.
Integrantes do partido sabem que a recusa causa mal-estar com o Planalto, mas querem emplacar a narrativa de que a saída de Pedro Lucas da liderança do partido na Câmara poderia dificultar ainda mais a vida do governo na Casa.
Esses parlamentares veem até uma possibilidade de “insurgência” de deputados do União Brasil, que são oposição e poderiam dominar a liderança. Por essa justificativa, Pedro Lucas se mantém líder também “pelo bem do governo” e para manter a bancada unida.
Como o g1 mostrou, dias após o anúncio, deputados do partido passaram a pedir que ele desistisse de ocupar o ministério e continuasse na liderança da sigla.
Um partido dividido
➡️ Pedro Lucas é deputado do mesmo partido e do mesmo estado de Juscelino, mas ambos são de grupos “rivais” na política do Maranhão.
➡️ O União Brasil compõe a base do governo – mas Pedro Lucas, que apoia Lula, é considerado próximo do presidente do partido, Antonio Rueda, que tem perfil de oposição.
Fundado com a fusão de DEM e PSL em 2022, o União Brasil é formado por “alas” que disputam o comando interno da legenda. A disputa envolve, inclusive, apoiadores de Lula e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O projeto de lei para anistiar golpistas do 8 de janeiro é exemplo dessa disputa.
Como mostrou o blog do Valdo Cruz, mais de dois terços dos deputados do União Brasil (40 de 59) assinaram o requerimento de urgência do texto – defendido pelo bolsonarismo e criticado amplamente pelo governo Lula.
O número incomodou o Palácio do Planalto. A indicação de ministros ligados a partidos é uma das principais formas de o presidente garantir (ou tentar garantir) o apoio das siglas em votações importantes no Congresso.
“Após uma avaliação cuidadosa, e em consonância com a bancada federal, o deputado Pedro Lucas optou por permanecer à frente da liderança do União Brasil na Câmara, posição estratégica para o partido diante da complexidade da agenda legislativa que se apresenta”, diz a legenda.
A nota (leia íntegra abaixo) é assinada pelo presidente do partido, Antonio Rueda.
O comando da pasta está vago desde o dia 8 – quando Juscelino Filho, hoje ex-ministro, foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) por supostas irregularidades em emendas parlamentares.
No dia 10, a situação parecia resolvida. Lula se reuniu com a articulação política e Pedro Lucas em um jantar. Na saída, a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) afirmou que o parlamentar aceitou o convite, mas pediu um tempo para conversar com a bancada.
O cenário, no entanto, se mostrou mais nebuloso. No dia seguinte, o deputado usou as redes sociais para indicar que ainda não tinha decidido.
“Agradeço a confiança em meu nome e ressalto que, conforme alinhado com o próprio presidente, qualquer definição será construída coletivamente, em diálogo com a bancada do União Brasil na Câmara dos Deputados, da qual tenho a honra de ser o líder”, escreveu.
Desde a semana passada, Pedro Lucas já vinha avisando a boa parte da bancada que iria continuar na Câmara e recusar o ministério.
Segundo aliados, o anúncio ao governo não foi feito antes por conta da semana esvaziada em meio aos feriados emendados.
➡️ O pano de fundo para a desistência é a disputa pela liderança do partido na Câmara.
➡️ Pedro Lucas foi eleito líder da bancada no início do ano, em um processo conturbado e com outros dois candidatos.
➡️ Na ocasião, muitos parlamentares acusaram Rueda de ter interferido no processo para transformar seu aliado em líder.
O receio da cúpula do União Brasil é que, com a saída de Pedro Lucas, Rueda perca a influência no posto – que tem função importante, por exemplo, na distribuição de emendas parlamentares e de decisões-chave dentro da Câmara dos Deputados.
Com a mudança, um deputado da ala oposta a Antonio Rueda poderia assumir a função.
➡️ O imbróglio também envolve o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que tenta emplacar na liderança do partido na Câmara o nome do deputado Juscelino Filho (União-MA).
Juscelino deixou o cargo de ministro das Comunicações após ter sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e voltou para o seu mandato na Câmara.
Integrantes do partido sabem que a recusa causa mal-estar com o Planalto, mas querem emplacar a narrativa de que a saída de Pedro Lucas da liderança do partido na Câmara poderia dificultar ainda mais a vida do governo na Casa.
Esses parlamentares veem até uma possibilidade de “insurgência” de deputados do União Brasil, que são oposição e poderiam dominar a liderança. Por essa justificativa, Pedro Lucas se mantém líder também “pelo bem do governo” e para manter a bancada unida.
Como o g1 mostrou, dias após o anúncio, deputados do partido passaram a pedir que ele desistisse de ocupar o ministério e continuasse na liderança da sigla.
Um partido dividido
➡️ Pedro Lucas é deputado do mesmo partido e do mesmo estado de Juscelino, mas ambos são de grupos “rivais” na política do Maranhão.
➡️ O União Brasil compõe a base do governo – mas Pedro Lucas, que apoia Lula, é considerado próximo do presidente do partido, Antonio Rueda, que tem perfil de oposição.
Fundado com a fusão de DEM e PSL em 2022, o União Brasil é formado por “alas” que disputam o comando interno da legenda. A disputa envolve, inclusive, apoiadores de Lula e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O projeto de lei para anistiar golpistas do 8 de janeiro é exemplo dessa disputa.
Como mostrou o blog do Valdo Cruz, mais de dois terços dos deputados do União Brasil (40 de 59) assinaram o requerimento de urgência do texto – defendido pelo bolsonarismo e criticado amplamente pelo governo Lula.
O número incomodou o Palácio do Planalto. A indicação de ministros ligados a partidos é uma das principais formas de o presidente garantir (ou tentar garantir) o apoio das siglas em votações importantes no Congresso.