Justiça concede liberdade provisória a mulher trans suspeita de matar namorado de amiga após presenciar agressão no AC


Suspeita foi presa no dia 8 de março e alegou que agiu em defesa dela e da amiga, namorada de Ítalo Valentin da Silva e supostamente agredida por ele. Menos de um mês após o crime, a Justiça do Acre expediu o alvará de soltura, desde que ela cumpra medidas cautelares. Ítalo Valentim da Silva foi morto em Brasiléia na madrugada do dia 8 de março
Reprodução
A Justiça do Acre concedeu habeas corpus à mulher trans suspeita de matar o namorado de uma amiga com uma facada em Brasiléia, interior do Acre, no dia 8 de março deste ano. O g1 não conseguiu contato com a defesa dela.
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A prisão preventiva, que foi convertida para domiciliar, ocorreu após ela alegar que agiu em legítima defesa dela e da amiga, supostamente agredida por Ítalo Valentim da Silva, homem que foi morto no dia 8 de março. A decisão da expedição do alvará foi da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC).
Segundo o pedido da defesa, ela tem endereço fixo e é estudante, o que caracteriza que ela “possui projeto de vida estruturado e compromisso social, incompatíveis com a suposta periculosidade que fundamentaria a prisão preventiva”.
O alvará de soltura, expedido no dia 3 de abril, destacou que ela, dentre as medidas:
deve ficar em casa no período noturno e nos dias de folga
não poderá se ausentar da comarca de Brasiléia
deve fazer o comparecimento periódico em juízo
A certidão do cumprimento do alvará de soltura pelo Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC) foi publicado na última segunda-feira (14).
O caso
A mulher trans foi presa na madrugada do dia 8 de março suspeita de matar o namorado de uma amiga com uma facada, em Brasiléia, interior do Acre. A vítima foi identificada como Ítalo Valentim da Silva e o crime ocorreu no bairro Sumaúma, em frente da casa dela.
Ítalo levou uma facada na virilha que atingiu a veia femoral e morreu a caminho do hospital. A suspeita está presa na delegacia da cidade à espera da audiência de custódia. Ela confessou o crime.
Segundo a polícia, Ítalo e a namorada moravam com Nete, como foi identificada pela polícia, e estavam com a dona da casa e mais dois amigos participando de uma confraternização. Em certo momento, Ítalo e a namorada começaram a discutir e a mulher chegou até a ser agredida pelo namorado.
“Nete considera a namorada dele como irmã, as duas têm uma amizade muito antiga. Parece que a mulher viu alguma mensagem comprometedora no celular da vítima e começaram a discutir. Ele começou a bater na namorada, a Nete foi lá, ainda quis separar os dois e pediu para saírem da casa dela. Ela [Nete] chegou a tirar o carro do Ítalo da garagem dela, colocou na rua e fechou o portão”, explicou na época o delegado Erick Maciel.
Ainda segundo o relato das testemunhas, Ítalo voltou para o local com raiva e tentou invadir a casa da suspeita com o carro. O portão da casa ficou amassado. “Ele ficou batendo no portão para entrar, a Nete ficou muito inquieta, andando de um lado pro outro da casa e foi até o portão. O pessoal não viu o ataque em sim, mas viram ela abrindo e fechando o portão rapidamente”, contou.
Após a ida da suspeita no portão, as testemunhas afirmaram que ouviram a namorada de Ítalo pedindo socorro na rua. Ao saírem, perceberam que o homem sangrava bastante e acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Crime ocorreu em Brasiléia, interior do Acre, na madrugada do dia 8 de março
Alexandre Lima/Arquivo pessoal
“Foi um alvoroço, ligaram para o Samu e para a polícia. A Nete ficou dentro de casa, não saiu mais. A vítima foi levada pelo Samu, a namorada foi junto na ambulância, mas no hospital acabou na resistindo. Inicialmente, a Nete negou, disse que não tinha visto nada, mas que houve uma confusão na casa dela”, complementou o delegado.
Uma das testemunhas relatou ter visto a mulher escondendo a arma usada no crime, que foi encontrada posteriormente pela polícia. “O Ítalo chegou a falar que a Nete tinha atingido ele. A Polícia Militar voltou na casa e ela acabou confessando. No interrogatório disse que estava nervosa, que ficou com medo dele entrar e fazer alguma coisa. Não soube precisar quantas facadas deu nele”, pontuou.
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