Sem tabu: ginecologista tira dúvidas sobre a menopausa

Filmes e séries vêm dando destaque  nos últimos tempos a um perfil feminino antes invisibilizado: mulheres maduras vivendo romances, redescobrindo a sexualidade e assumindo protagonismo em suas próprias histórias. Produções como Amor Traiçoeiro (Netflix), Amores Solitários (com Laura Dern), Tudo em Família (com Nicole Kidman), Uma Ideia de Você (com Anne Hathaway) e até a recente volta de Bridget Jones ajudam a quebrar o estigma de que o desejo e o afeto têm data de validade para as mulheres.

Na vida real, essa mudança de perspectiva também é necessária, especialmente quando falamos sobre menopausa. A fase que marca o fim da vida reprodutiva feminina ainda é cercada de preconceitos e desinformação. Mas isso está mudando, como explica a ginecologista Gabriela Crema. “Hoje, com o aumento da expectativa de vida, muitas mulheres passam praticamente metade de suas vidas na menopausa. E é fundamental encarar esse período com leveza, informação e acolhimento”, considera.

Segundo dados do IBGE e de estudos recentes, cerca de 20 milhões de brasileiras vivem atualmente no climatério – fase de transição para a menopausa – e entre 75% e 80% delas enfrentam sintomas como ondas de calor, insônia, alterações de humor, ressecamento vaginal e perda de libido. No entanto, apenas uma minoria procura ou recebe tratamento adequado: cerca de 30% buscam ajuda médica e só 4% têm acesso à terapia de reposição hormonal (TRH), que pode ser uma grande aliada para quem deseja mais bem-estar e qualidade de vida.

Para a ginecologista, é essencial que a mulher tenha autonomia para escolher como deseja viver essa fase. “Não estamos falando que todas precisam se tratar, fazer reposição ou procedimentos. Mas as que desejam continuar ativas, com energia e autoestima elevada, precisam saber que existem alternativas seguras e eficazes para isso. O nosso papel como médicos é apresentar essas opções com clareza”, destaca.

A médica ressalta que muitas vezes a menopausa chega em um momento de maior estabilidade pessoal e profissional. Os filhos já estão criados, a carreira consolidada e há mais tempo e liberdade para se reconectar consigo mesma. “É também uma fase em que muitas mulheres redescobrem a sexualidade, encontram novos amores ou se reencontram dentro de relacionamentos de longa data”, pontua.

Além da reposição hormonal, há outras possibilidades para lidar com os efeitos do climatério. Procedimentos como laser vaginal, bioestimuladores e até mesmo cirurgias íntimas estão entre as opções para quem busca conforto, autoestima e melhora da vida sexual. “Não é sobre ditar padrões ou lutar contra o tempo, mas oferecer alternativas para quem quer se sentir bem no próprio corpo”, explica a médica.

A ginecologista reforça que mais do que nunca, é hora de falar sobre menopausa com naturalidade e quebrar o estigma da mulher “senhora” que perde espaço, desejo ou vitalidade. “Envelhecer é um processo inevitável, mas viver bem essa etapa é uma escolha que começa com informação, acolhimento e liberdade para ser quem se é”, conclui.

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