Ceilândia: 54 anos de resistência e cultura

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Por: Amanda Karolyne e Thatyane Nardelli
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Ceilândia completa 54 anos hoje (27), carregando em suas ruas a resistência e a cultura que moldaram sua identidade. O Hip Hop, mais do que um movimento, é a voz da cidade, um grito de luta, arte e transformação. “A cultura Hip Hop sempre esteve presente aqui, desde o rap de Câmbio Negro, Álibi e DF Movimento exaltando Ceilândia em suas letras, até o grafite de Rivas e Satão nos muros. O breaking do DF Zulu Breakers e crews locais, assim como os DJs Ocimar e o saudoso DJ Jamaika, também são parte dessa história”, destaca o DJ e produtor musical Raffa Santoro.

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Raffa Santoro. – Foto: Divulgação

Para celebrar esse legado, a cidade recebe a 6ª edição do Festival Hip Hop do Cerrado, que acontece no dia 29 de março, a partir das 16h, na Praça do Cidadão, em Ceilândia Norte. O evento, totalmente gratuito, reúne artistas nacionais e locais, como MC Marechal, Viela17, GOG e Atitude Feminina. Os ingressos estão disponíveis no Sympla.

“Sempre realizamos o evento no Plano Piloto. Desta vez, optamos por Ceilândia para descentralizar a cultura e trazer uma grande celebração para a cidade em seu aniversário”, acrescenta Santoro, que coordena o festival ao lado do rapper Japão, do Viela17.

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Rapper Japão. – Foto: Divulgação

Casa do Hip Hop DJ Jamaika

Outra novidade na programação comemorativa é a inauguração da Casa do Hip Hop Ceilândia DJ Jamaika. Criado pelo DJ Ocimar e pelo Instituto Evolui, com apoio do rapper Rivas (Kabala, do Álibi), o espaço tem como objetivo fortalecer e expandir a cultura Hip Hop, oferecendo oficinas de DJ, break, grafite e MC para jovens talentos. Localizada na Praça Central de Ceilândia Norte, ao lado da Estação Central, a casa promete ser um símbolo de resistência e transformação social.

Nos dias 29 e 30 de março, a Estação de Metrô Ceilândia Centro também será palco do 2º Brasil Super Battle – Edição Grafite, reunindo 30 grafiteiros em uma pintura coletiva.

Orgulho eternizado em hino

Mais do que uma cidade, Ceilândia é um patrimônio da alma candanga, com forte história de luta e cultura. O professor Emanuel Lima, membro correspondente da Academia Ceilandense de Letras e Artes Populares (Aclap), quer incentivar a população a sentir ainda mais orgulho de sua terra. Ele é o autor do Hino de Ceilândia, composto em parceria com Ananias Araújo e vencedor de um concurso em 2002.

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Emanuel Lima autor do Hino da Ceilândia. – Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília

“Nosso hino foi performado pela Orquestra Sinfônica de Ceilândia, o que me deixou muito orgulhoso. Mas meu sonho é que ele seja ensinado nas escolas e tocado em eventos da cidade”, afirma Emanuel. Ele entrou em contato com a Administração Regional de Ceilândia para viabilizar uma nova gravação da música e acredita que essa será uma forma de valorizar ainda mais a história local.

Professor e psicólogo formado no Canadá, Emanuel morou fora por dez anos, mas escolheu voltar a morar em Brasília. “A população de Ceilândia é muito acolhedora, humilde e educada. Vi a cidade nascer e se desenvolver. Muita coisa precisa melhorar, mas muitas já melhoraram”, ressalta.

Conhecida como a “Londres brasiliense”, Ceilândia recebeu esse apelido pela visão de suas luzes acesas nas noites frias de junho, que lembram a paisagem londrina. Emanuel acredita que o hino que compôs pode ajudar a elevar a autoestima da população ceilandense:

“Teu comércio e tua indústria
São conhecidos no mundo inteiro
Todo o povo alegre desfruta
Este rincão todo brasileiro”

(Trecho do Hino de Ceilândia, por Emanuel Lima)

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