‘Aqueles Dias’, na Mostra de SP, esmiúça dramas e desejos dos artistas do modernismo

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GUILHERME LUIS
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Os dramas, amores e sonhos dos artistas mais emblemáticos do modernismo dão cor à série “Aqueles Dias”, criada e dirigida por Helio Goldsztejn, e exibida na 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

Na história, ele mistura figuras como Anita Malfatti, Mário de Andrade e Tarsila do Amaral, a personagens inventados, como Jení, que vem do futuro e conta para os artistas os vindouros acontecimentos políticos e sociais do país.

Mas não só Jení fala como se estivesse no século 21. Os próprios artistas retratados conversam de forma um tanto modernosa, com gírias como “errado não tá” e “ele que lute”, hoje reproduzidas à exaustão nas redes sociais.

A intenção, diz Goldsztejn, o diretor, era contar a história da Semana de 1922 e das suas figuras marcantes de forma menos cabeçuda que a de costume.

“Quero uma série que chegue não só nos estudiosos e acadêmicos, mas também nas novas gerações. Afinal, aqueles artistas também eram jovens com angústias, sonhos e possibilidades. A ideia era que, uma vez que os modernistas estavam à frente do seu tempo, eles usassem recursos da contemporaneidade. Busquei um olhar diferente daquele que o currículo escolar oferece.”

Nesse sentido, Jení, a personagem que sabe tudo sobre o futuro, serve de amparo ao roteiro quando é preciso situar o público das diferenças entre os anos 20 do século passado e dos que vivemos agora.

“Quis uma personagem trans que soubesse exatamente como aquelas brigas políticas repercutiram depois de cem anos, e que pudesse dar dicas aos artistas sobre nosso contexto.”

O diretor tocou também nas polêmicas que atravessam esse período e seus protagonistas exemplo é a cena em que Mário de Andrade, interpretado por um ator negro, acusa o personagem de Oswald de Andrade de cometer racismo. Em outro momento, Mário aparece beijando um homem escondido numa celebração de Carnaval de rua.

“Há pouco tempo o Masp [Museu de Arte de São Paulo] fez uma exposição sobre os nus masculinos que o Mário tinha. É importante mostrar que gênios como ele tinham desejos, tesão, prazer. Além de trepar, eles levavam discussões intelectuais maravilhosas”, diz Goldsztejn.

Os quatro episódios de “Aqueles Dias” , com cerca de trinta minutos cada, serão exibidos em sequência, como um filme, na Mostra de Cinema de SP.

As sessões ocorrem neste domingo, dia 27, na Cinemateca, e na segunda-feira, 28, no Cinesystem Frei Caneca. Depois a série deve ficar disponível no streaming, mas o diretor ainda está em negociação com as plataformas.

AQUELES DIAS
– Quando Mostra de SP: 27/10, às 20h15, na Cinemateca; 28/10, às 15h10, no Cinesystem Frei Caneca
– Preço A partir de R$ 12, à venda em 48.mostra.org
– Elenco Bruno Lourenço, Ivan Arcurshin e Tássia Dhur
– Produção Brasil, 2024
– Direção Helio Goldsztejn

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