Poda irregular de árvores preocupa moradores do Guará II

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A poda irregular de árvores frutíferas localizadas entre quadras da QE 13 e QE 15 do Guará II preocupa moradores da região. Cultivadas ao longo dos anos, o cuidado irregular revoltou a população, que expressa medo quanto a possíveis acidentes e falta de segurança. De acordo com eles, autoridades competentes já foram acionadas e agora aguardam que algo seja feito para a conservação do pomar comunitário.

Funcionário público aposentado, Jair Lucindo Ferreira, 60 anos, mora no Guará há mais de 50 anos e conta no local onde a área verde localizada, as pessoas costumam passear com os cachorros e com as crianças. Baseadas entre uma escola e residências, ele reforça que as árvores foram plantadas pela comunidade, e acredita que algumas mudas também foram colocadas ali pela administração.

Segundo ele, um morador da região foi identificado pelos vizinhos como o suposto responsável pelos cortes nas plantas. “Ele está fazendo uma armadilha ao cortar os galhos e deixá-los pendurados pela metade com a intenção de deixar cair”, afirmou. Ele e os outros residentes da área não entendem qual a motivação dessa pessoa.

“Esse cidadão veio de outra quadra onde também causou problemas e continua fazendo a mesma coisa nesta área em que moramos. O pessoal está muito revoltado, já foram na casa dele tentar conversar e também fizeram vários boletins de ocorrência na polícia”. Jair contou, inclusive, que um dos registros foi motivado por uma agressão que teria sido causada por esse indivíduo. “Ele já colocou um facão no pescoço de um jovem que estava no final da rua em uma festa”, acrescentou.

Plantas da comunidade para a comunidade

Morador do Guará há cerca de 40 anos, Edvalcio Rodrigues, 60 anos, foi quem plantou a maioria das árvores que estão dispostas para a comunidade da quadra. São várias frutas que o aposentado cultiva todos os dias, como os abacateiros, as mangueiras, pé de amora e o limoeiro. “Mas tem uma pessoa que de madrugada sai de casa e sempre faz o corte dessas fruteiras, do pé de manga, do abacate e das outras plantas. Ele está matando essas árvores”, declarou.

Edvalcio não sabe o que motivou esse cidadão a tomar esse tipo de atitude que ele considera ser uma maldade. Ele e os outros vizinhos que estão muito incomodados com a situação, observaram que existe um certo método do corte dessas árvores: primeiro é feito um corte com a serra elétrica de madrugada e depois o galho cai. “Ele está cortando o tronco principal e descascando o pé das árvores”, frisou. Edvalcio reforçou que já foram feitas diversas denúncias da comunidade na Administração do Guará. “Nós estamos esperando as providências serem tomadas”.

A consultora financeira, Maria de Jesus Alves, 52 anos, começou a coletar provas há duas semanas para poder divulgar o que ela descreveu como “cenário de destruição” que virou a área verde da quadra onde mora. “Primeiro eu saí e fotografei tudo e depois eu busquei o material com o pessoal da rua de trás, porque eles têm câmera de segurança”, explicou. Um dos registros mostra os galhos do pé de limão sendo derrubados. Foi assim que a vizinhança chegou a conclusão de que um morador estaria cortando os galhos das árvores e os deixando cair aleatoriamente. “Ele mudou para cá há mais ou menos uns dois anos e de repente começa a fazer isso. O que está se tornando um perigo para nós, porque ele sai com a serra elétrica e o facão dele de noite para destruir as árvores que não fazem mal nenhum a ele”.

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Maria de Jesus Alves, moradora da região, mostrando os galhos caídos depois de serem podados irregularmente 

Maria enfatizou que ele também estaria cortando os pés de amora que foram plantados mais perto da pista do lado da QE 13. “O povo está muito indignado, porque além de tudo, tem também a questão da nossa segurança. De noite fica escuro nessa área e o poste fica acendendo e apagando. Dá para uma pessoa vir se esconder e fazer as necessidades no meio desses galhos”. Além do medo de pessoas que podem estar por ali de forma oculta e com más intenções, Maria acredita que os galhos caídos podem ferir alguma criança ou juntar bichos como insetos, escorpiões e ratos, por ter um bueiro muito próximo ao lugar. “Queremos que as autoridades tomem as providências porque tudo o que podemos fazer é pedir. Já os órgãos responsáveis podem executar”.

Ela citou que nesse espaço de convivência da comunidade tem várias frutas à disposição, como a tangerina e a pitomba, além das já citadas manga e abacate. Mais do que uma fonte do plantio comunitário, Maria destaca que o lugar também ajuda muito a refrescar o ambiente nessa época mais quente. “Essa área absorve muito o calor e as frutas que cultivamos são um patrimônio do Guará. O pessoal sai daqui com sacos e sacos de manga. Na época dessa fruta esses pés não dão para quem quer, pois as mangas são super saborosas”.

Há 12 anos no Guará, Maria do Socorro, 64 anos, funcionária pública aposentada, está horrorizada com o que tem sido feito das árvores por ali. Ela afirmou que a irregularidade tem acontecido há seis meses, mas que o pé de abacate teria sido a primeira vítima da serra desse vizinho. “Essa pessoa tem descascado as seivas das árvores. Ele serra metade de um tronco ou galho e deixa a natureza fazer o resto. É devastador o que ele está fazendo”. Socorro ressaltou ainda que o indivíduo invadiu um espaço que não é dele e encheu de lixo em volta. “Além disso, ele deixa os cachorros soltos para atacar as pessoas que passam”. Outra observação de Socorro é que antes a poda irregular era feita de madrugada, mas recentemente ele tem saído de dia para serrar os galhos das mangueiras.

A equipe de reportagem do JBr tentou entrar em contato com o morador que estaria serrando as árvores do endereço já citado, mas não obteve sucesso.

Crime ambiental

A Administração Regional do Guará informou que o caso se trata de um crime ambiental e que está acionando os órgãos de segurança pública para garantir que o responsável seja localizado o quanto antes.

A Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) esclareceu em nota ao Jornal de Brasília, que danificar árvores em logradouros públicos é considerado crime ambiental, segundo o artigo 49 da Lei 9.605/98, que diz que é crime destruir, danificar, lesar ou maltratar plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia.

A autarquia destacou que de acordo com o Decreto 39.469/2018, a Novacap é o órgão responsável pela arborização e manutenção arbórea do Distrito Federal. Cabendo à companhia, por meio do Departamento de Parques e Jardins, plantar, manter e suprimir árvores, sem anuência de qualquer órgão. A pasta também reforçou que toda denúncia deve ser protocolada por meio da ouvidoria do GDF. Após o recebimento da demanda, a companhia envia um técnico para vistoriar o local. Ao ser caracterizado o crime ambiental, o caso é levado às autoridades competentes, que deverão tomar as devidas providências.

A Novacap apontou que a participação da população é de suma importância no combate ao vandalismo ambiental, principalmente no caso do furto de mudas, que tem ocorrido com frequência no Distrito Federal.

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