Veja como fica o retorno da renda fixa com a nova alta da Selic

JÚLIA MOURA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Com a alta da Selic para 14,25% ao ano nesta quarta-feira (19), a renda fixa pós-fixada fica mais atrativa. Ativos que têm sua rentabilidade ligada à taxa ou ao CDI, seu equivalente, passam a render mais com o aumento.

“Os pós-fixados costumam ter uma performance melhor neste cenário”, diz Rafael Winalda, especialista em renda fixa do Inter.

Esta modalidade, em que o ganho exato é conhecido no momento de contratação, é indicada para todos os investidores. No caso dos conservadores, ela deve ser a totalidade de sua carteira de investimentos, desde que distribuída em diversos produtos com diferentes vencimentos, como CDBs, LCIs, LCAs e LCDs (Letras de Crédito Imobiliário, do Agronegócio, e de Desenvolvimento) e títulos do Tesouro Selic, o mais recomendado por analistas.

Nesta quarta, o Tesouro Selic com vencimento em 2031 e liquidez diária era negociado com uma rentabilidade de Selic acrescida de 0,1121% ao ano. Com a nova taxa básica do Banco Central, isso equivale a 14,36% ao ano. Considerando a inflação prevista para os próximos 12 meses, de 5,23%, é um ganho real de 9,13%.

Tal ganho é superior aos produtos de renda fixa isentos de Imposto de Renda. Segundo cálculos de Rafael Haddad, planejador financeiro do C6 Bank, uma debênture incentivada que rende 96% CDI ao ano, teria uma rentabilidade líquida real de 8,51%.

“Houve um aumento das expectativas de juros no curto prazo, e isso beneficiou as rentabilidades projetadas para esses produtos. Os produtos pós-fixados seguem como os mais atrativos em todos os prazos analisados, o que é um reflexo dessa expectativa de que os juros vão ser mais altos pela frente”, diz Haddad.

Apesar do ganho menor neste momento, no longo prazo, com a perspectiva de que a Selic caia para 10% até 2028, contratar produtos de renda fixa visando o longo prazo pode beneficiar a carteira no futuro.

Porém, segundo Winalda, do Inter, a rentabilidade desses títulos privados de renda fixa ainda não está atrativa o suficiente, com empresas de boa avaliação de risco pagando menos de 1,5 ponto percentual acima do Tesouro IPCA+.

“O spread [diferença para a rentabilidade do título público equivalente] das debêntures tem evoluído, mas ainda está abaixo da média histórica, de cerca de 2%. No entanto, se o ativo for de altíssima qualidade, ele não deve ser totalmente descartado”, diz Winalda.

Outras modalidades de renda fixa também são boas oportunidades, dizem especialistas. Um dos mais indicados é o Tesouro IPCA+ (também conhecido como NTN-B), com juro na faixa de 7,5% ao ano combinado à variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo no mesmo período.

“O investidor que é muito avesso a risco, deve comprar só Tesouro Selic, mas quem tolera um pouco de volatilidade na renda fixa, é recomendável ter de 5% a 10% dos investimentos em NTNB e/ou prefixado, de vencimentos intermediários”, diz Marcelo Mello, CEO SulAmerica Investimentos, Vida e Previdência.

Esses produtos de juros pré-determinados tem uma variação diária no seu preço, seguindo os movimentos do mercado financeiro e a precificação dos juros futuros. Essa movimentação é computada no saldo da carteira de investimentos, o que pode assustar investidores. Porém, se carregado até o vencimento, o título entrega a rentabilidade contratada.

Neste pregão, o Tesouro prefixado com vencimento em 2028 era negociado a uma taxa de 14,12% ao ano, e o para 2032, a 14,44%.

“As classes prefixadas já estão persistentemente com ganhos acima de 1% líquido ao mês. Temos aqui níveis bastante atrativos para o investidor”, afirma Jonas Chen, gestor da B.Side Investimentos.

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