Brasil classifica taxação americana como injustificável e equivocada


O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada estimou o impacto: a tarifa de 25% sobre a importação de aço e alumínio para os EUA pode gerar perda equivalente a US$ 1,5 bilhão. Brasil classifica taxação americana como injustificável e equivocada
Reprodução/TV Globo
O governo brasileiro classificou a taxação americana como injustificável e equivocada e afirmou que a hora é de negociar.
A barreira imposta pelo governo Trump atinge duramente o Brasil, o segundo maior fornecedor de aço para os Estados Unidos. Em 2024, as compras americanas de aço e alumínio chegaram a US$ 3,2 bilhões. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada estimou o impacto para o setor: a tarifa de 25% sobre a importação de aço e alumínio para os Estados Unidos pode gerar uma perda equivalente a US$ 1,5 bilhão.
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Equipes técnicas dos dois países mantêm um canal de negociação. No Brasil, setores atingidos têm levado ao governo propostas de defesa comercial, nessa nova dinâmica – com o aumento das taxas pelos Estados Unidos. Um dos pedidos é sobretaxar as importações de aço de outros países, como a China, para proteger a indústria brasileira.
Pela manhã, o ministro da Fazenda Fernando Haddad se reuniu com representantes do setor. Haddad assegurou que as negociações ainda estão em curso e que não é hora de retaliar.
“Nós estamos já começando a estudar propostas do setor, que têm toda legitimidade de trazer propostas para nós. Eles estão imaginando formas de negociar com argumentos muito consistentes. Que os Estados Unidos só têm a perder. O presidente Lula falou, ‘muita calma nessa hora’. Nós já negociamos outras vezes em condições até muito mais desfavoráveis do que essa. Vamos levar à consideração do governo americano que há um equívoco de diagnóstico”, afirmou Fernando Haddad.
O Instituto Aço Brasil disse que mantém a expectativa de que seja possível prosseguir com as negociações para reestabelecer as bases do sistema de importação construído no primeiro governo de Donald Trump com o Brasil, em 2018.
“Esse acordo atendeu perfeitamente ao que seguia o desejo das duas indústrias. Basta dizer que ano passado eles importaram 6 milhões de toneladas. Então, da noite para o dia, eles não vão deixar de ter essa necessidade. A necessidade continua, razão pela qual nós acreditamos que a gente possa reproduzir aquilo que fizemos em 2018”.
Até hoje, parte das importações de aço brasileiras eram isentas de imposto nos Estados Unidos. Os produtos só eram taxados se as importações ultrapassassem cotas estabelecidas no acordo entre os dois países.
Em entrevista à GloboNews, o ex-diretor geral da Organização Mundial do Comércio, Roberto Azevêdo, ressaltou que o empresário brasileiro tem de estar preparado para diversificar as vendas:
“Alguns mercados podem se fechar, outros podem se abrir a qualquer momento. As cadeias de valor têm que ser mais flexíveis, temos que estar prontos para reagir com agilidade para recolocar nosso produto onde houver essa possibilidade”.
No início da tarde, o governo brasileiro divulgou nota lamentando a decisão do governo norte-americano. Disse que “em defesa das empresas e dos trabalhadores brasileiros, considera injustificável e equivocada a imposição de barreiras unilaterais que afetam o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos”; “que buscará defender os interesses dos produtores nacionais”. E concluiu dizendo que avaliará todas as possibilidades de ação, inclusive junto à Organização Mundial do Comércio”.
“Nós defendemos multilateralismo, nós defendemos complementação econômica. E a OMC existe para isso, para estabelecer regras que devem ser regras gerais para todos”, afirma Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços.
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