Se você olha a história, a trajetória da economia brasileira é boa, diz presidente da Stellantis

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ARTUR BÚRIGO
BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS)

O presidente do conselho e CEO da Stellantis, John Elkann, considera que a trajetória da economia brasileira no longo prazo, apesar do sobe e desce momentâneos, é positiva.

A empresa, dona de marcas como Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e RAM, anunciou no ano passado um plano de investir R$ 30 bilhões no país entre 2025 e 2030. Nesta terça-feira (11), inaugurou o centro de desenvolvimento de motores híbridos flex em sua planta de Betim (MG).

A cerimônia contou com a participação do presidente Lula (PT), do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e de outras autoridades.

“O Brasil é um país que, se você olha na história -e no próximo ano vamos completar 50 anos aqui-, teve altos, baixos, mas a trajetória é boa, ascendente”, disse Elkann, ao ser questionado pela reportagem sobre como avalia o cenário econômico em meio aos planos de investimentos da montadora.

O executivo também falou que o Brasil pode servir como um exemplo de produção automotiva regionalizada diante dos desafios impostos pela possibilidade de tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a cadeia produtiva.

“O Brasil está fazendo muita produção local. Em outros grandes mercados, é muito China produzindo para a China, os Estados Unidos estão pensando nesse sentido, assim como a Europa. É algo que no Brasil está indo muito bem e temos muito o que aprender”, afirmou.

Elkann se recusou a entrar em detalhes sobre os impactos das tarifas americanas sobre a Stellantis, porque caracterizou a discussão como incerta, mas disse que a empresa está pronta para reagir caso elas entrem em vigor.

Nesta terça, a Casa Branca confirmou que irá prosseguir com as tarifas de 25% sobre aço e alumínio de “todos os parceiros comerciais, sem exceções ou isenções”.

O Brasil representa cerca de 80% do volume de produção da Stellantis na América Latina. A região, por sua vez, responde por 15% da produção da montadora em todo o mundo.

O foco dos R$ 30 bilhões para serem investidos até 2030 será no desenvolvimento de modelos híbridos flex. Por causa da experiência com o etanol, o Brasil se tornou o centro de desenvolvimento dos novos sistemas híbridos da montadora.

Essa é a principal estratégia da fabricante para enfrentar a concorrência chinesa no país, que tem elevado as importações de elétricos diante da recomposição gradual de alíquotas impostas pelo governo.

Desde julho de 2024, ela é de 18% para elétricos, 20% para híbridos plug-in e 25% para híbridos.

A volta ao patamar de 35% está prevista para o início de 2026. A Anfavea (associação das montadoras) tem defendido o retorno imediato e integral do Imposto de Importação para veículos híbridos e elétricos.

As montadoras chinesas que estão chegando ao país têm anunciado planos de estabelecer linhas de produção no Brasil, mas têm enfrentado atrasos.

O presidente da Stellantis disse ver a competição de forma positiva, desde que “as regras sejam as mesmas para todo mundo”.

O presidente da Stellantis para a América do Sul, Emanuele Cappellano, adicionou que “é importante que as empresas no Brasil tenham a capacidade de produzir, gerar emprego e gerar tecnologia”, em referência às importações das montadoras chinesas.

“Com as medidas tomadas pelo governo, as regras serão iguais ao longo do tempo. Quem compete aqui deve produzir aqui e não simplesmente importar carros que se beneficiam de incentivos na origem ou que têm condições que não são iguais àquelas do Brasil”, disse Capellano

Em nível global, Elkann tem outro desafio pela frente: a escolha de um novo nome para o cargo de CEO, posição que ele ocupa de forma interina desde dezembro do ano passado após a saída do português Carlos Carvalho.

O executivo disse que a contratação será definida ainda no primeiro semestre deste ano e que poderá ser de alguém de dentro ou de fora da empresa. Elkann, membro da família Agnelli, também preside o conselho de administração da Ferrari.

RAIO-X | JOHN ELKANN, 48
Nascido em Nova York em 1976, é engenheiro pela Politecnico di Torino. Começou a carreira na General Electric em 2001. Em 2009, fundou a Exor, holding que é a maior acionista de empresas como Ferrari, Philips e CNH, além da Stellantis. É presidente do conselho de administração da Ferrari e na Stellantis, onde também ocupa o cargo de CEO. É membro do conselho da Meta e curador do MoMA.

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