Felipe Pantone, herdeiro da arte cinética, faz obras que brincam com ilusão de ótica

felipe pantone


SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Obras de arte para um mundo que se move muito rápido. É assim que Felipe Pantone, um herdeiro da arte cinética, define o seu trabalho de pinturas, esculturas e instalações, exposto agora no Brasil pela primeira vez, numa mostra na galeria Raquel Arnaud, em São Paulo.

Com apenas oito obras, sendo duas feitas especialmente para a exposição, a mostra resume o universo do artista -ele combina cores fortes e elementos geométricos em trabalhos estáticos que mudam dependendo de onde e sob qual luz são vistos, e também produz esculturas com chapas de acrílico que, ao serem manuseadas, confundem as suas cores, criando novas visualidades.

“Tudo no mundo está mudando constantemente num ritmo muito, muito rápido. Então faz sentido fazer arte que mexe e se transforma. Está no nosso DNA”, diz o artista de Buenos Aires numa ligação a partir da Espanha, país onde vive desde os nove anos.

Pantone, de 38 anos, cresceu junto ao desenvolvimento e popularização dos computadores. Ele conta que, apesar de ter formação superior em pintura, atualmente projeta todos os seus trabalhos de forma digital antes de trazê-los para o mundo físico, com a ajuda do maquinário avançado de seu estúdio em Valência.

Os equipamentos possibilitam que ele desenvolva, em poucas horas, protótipos para seus estudos, incluindo projetos em acrílico ou com o uso de técnicas da indústria automotiva. Há alguns anos, o artista conta que precisava encomendar a terceiros a materialização de seus trabalhos, um cenário não ideal porque quando a prova chegava, depois de duas semanas, ele às vezes já estava com o pensamento em outras ideias.

A sugestão de que investisse em equipamentos -e assistentes- para seu ateliê veio de Carlos Cruz-Díez, um inventor da arte cinética e de obras que brincam com a ilusão de ótica. Pantone trabalhou por um mês com o venezuelano em sua oficina no Panamá, período que diz ter sido muito importante para seu desenvolvimento na carreira.

“Ele me ensinou que eu deveria correr riscos maiores para fazer a minha arte maior”, diz, acrescentando que considera Cruz-Díez, morto em 2019, um mentor.

Antes de se encantar com a arte cinética na faculdade, Pantone grafitava muros, um tipo de trabalho que demandava ser feito rapidamente, segundo ele. Era natural, portanto, que seguisse pintando paredes, algumas delas gigantescas, à medida que ganhava o reconhecimento internacional que tem hoje, sendo representado por galerias de vários países.

Embora a mostra na galeria Raquel Arnaud seja sua primeira exposição de fato no Brasil, esta não é a estreia de Pantone por aqui. Há pouco mais de dois anos, o artista pintou, com a ajuda de assistentes, a parede lateral de um prédio na avenida Faria Lima, centro financeiro de São Paulo, como parte da programação do festival de arte de rua Na Lata.

Foram necessários dez dias para que os 30 metros de altura fossem completos com um gradiente de cores que inclui tons quentes, como o vermelho e o laranja, e outros frios, tipo os azuis claro e escuro.

Seu mural fica próximo à fachada lateral de um prédio no largo da Batata pintado por Shepard Fairey, o Obey, um dos principais grafiteiros do mundo.

A estética multicolorida de Pantone também já estampou grandes paredes em Lisboa e Jersey City, e apareceu em projetos comerciais, como pranchas para skateboard e relógios de luxo.

FELIPE PANTONE – MOVIMENTO E TRANSFORMAÇÃO NO TECNOCENO
– Quando Até 22 de março. Seg. a sex., das 11h às 19h; sáb., das 11h às 15h
– Onde Galeria Raquel Arnaud – r. Fidalga, 125, São Paulo
– Preço Grátis
– Link: https://raquelarnaud.com/exposicoes/felipe-pantone_-movimento-e-transformacao-no-tecnoceno/

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