Repensando a indústria do vinho com Priscilla Hennekam

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Em celebração ao Dia Internacional da Mulher, entrevistamos Priscilla Hennekam, uma profissional visionária que está revolucionando a indústria do vinho. Com uma trajetória inspiradora e uma abordagem inovadora, ela desafia paradigmas e propõe um setor mais acessível, conectado e dinâmico. Sua experiência internacional e sua capacidade de enxergar o vinho além da tradição fazem dela uma referência no mercado global.

Priscilla percorreu um caminho pouco convencional no mundo do vinho. Nascida no Nordeste, cresceu sem qualquer contato com a bebida, que parecia distante de sua realidade. Sua primeira experiência com vinho aconteceu de forma inusitada, em um “cocktail espanhol” — uma mistura de vinho com leite condensado, que provou com sua melhor amiga. Mas foi durante a faculdade de turismo que seu interesse realmente se despertou.

Em um curso sobre bebidas, teve seu primeiro contato técnico com vinhos, destilados e coquetéis, o que abriu um novo universo. A curiosidade se intensificou, e ela escolheu o vinho como tema de sua monografia, marcando o início de uma jornada de intensas descobertas. Aos 22 anos, partiu para a Argentina, onde passou quatro anos estudando e trabalhando na indústria vinícola. Depois, se mudou para a Austrália, onde já vive há quase nove anos, acumulando experiência em turismo, produção, varejo e exportação. Hoje, atua como consultora e lidera um projeto inovador para transformar a indústria do vinho, tornando-a mais acessível e conectada ao consumidor moderno.

Repensando a indústria do vinho

O grande momento de virada para Priscilla ocorreu ao perceber o descompasso entre a produção e o consumo de vinho. Muitas vezes, a indústria lança produtos sem considerar se há demanda real, tentando educar o consumidor em vez de compreendê-lo. A frase de Seth Godin, “Não faça um produto e tente achar clientes para ele. Encontre um grupo de clientes e crie algo que eles queiram”, se tornou um norte para sua visão sobre o setor. Foi a partir disso que ela percebeu a necessidade de reformular a forma como o vinho é vendido, comunicado e consumido.

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Priscilla Hennekam. – Foto: Arquivo pessoal

Caminhos para uma indústria mais dinâmica

Para Priscilla, o futuro do vinho passa por mudanças essenciais:

  • Menos elitismo, mais conexão: O vinho precisa ser mais acessível, priorizando a experiência do consumidor em vez dos aspectos técnicos da produção.
  • Uso inteligente da tecnologia: A inteligência artificial e a análise de dados podem personalizar experiências e melhorar a comunicação das marcas com seus clientes.
  • Narrativas mais envolventes: O vinho possui histórias incríveis, mas a forma de contá-las deve ser mais autêntica e menos focada em regras.
  • Educação voltada ao consumidor: Em vez de ensinar apenas sobre métodos de vinificação e denominações, a indústria deve ajudar os consumidores a encontrar vinhos que combinem com seus gostos e estilos de vida.

Vinhos não alcoólicos: ameaça ou oportunidade?

Priscilla vê os vinhos e bebidas não alcoólicas como uma grande oportunidade para a indústria. O crescimento desse segmento reflete mudanças no comportamento do consumidor, que busca equilíbrio e bem-estar sem necessariamente eliminar o vinho de sua vida. Avanços tecnológicos têm melhorado a qualidade dos vinhos não alcoólicos, tornando-os mais atrativos. A questão, segundo ela, não é se esses produtos são uma ameaça, mas sim como as vinícolas podem se manter relevantes para um público com novas prioridades.

O projeto “Rethinking the Wine Industry”

A necessidade de questionar o setor levou Priscilla a criar o projeto Rethinking the Wine Industry. O que começou como um debate no LinkedIn logo se transformou em uma newsletter influente e no Vino Visionaries Podcast, onde profissionais de várias partes do mundo compartilham ideias inovadoras sobre o setor. A iniciativa também conta com um grupo fechado no WhatsApp, com mais de 600 profissionais de 65 países, discutindo os desafios e oportunidades da indústria. Atualmente, a comunidade global do projeto se baseia em quatro pilares:

  • Conectar profissionais que querem pensar diferente.
  • Provocar reflexões sobre acessibilidade e relevância do vinho.
  • Fomentar um espaço de troca e aprendizado.
  • Desenvolver soluções concretas para transformar o setor.

Agora, o projeto se consolidou como uma plataforma digital inovadora, com o objetivo de criar um setor mais dinâmico e conectado ao consumidor moderno. O lançamento oficial pode ser acompanhado em www.rethinking.wine.

O mercado brasileiro de vinhos: como torná-lo mais dinâmico?

No Brasil, o vinho precisa ser promovido de maneira descomplicada e acessível. Deve ser visto como uma bebida para socializar e relaxar, sem a necessidade de seguir regras rígidas de harmonização ou de usar taças específicas. Quando o vinho for associado a momentos de prazer e descontração, ele se tornará uma escolha mais natural para o cotidiano.

O segredo para impulsionar o consumo está em transformar o vinho em uma opção despretensiosa, ideal para qualquer ocasião, aproximando-o do público e tornando-o parte do dia a dia dos brasileiros.

Priscilla Hennekam está na vanguarda dessa mudança, trazendo novas ideias e perspectivas para o mercado global do vinho. Seu projeto Rethinking the Wine Industry é um convite para repensar o setor e criar um futuro mais acessível e conectado para essa bebida milenar.

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