Bloco Os Galinhos anima foliões com homenagem a JK

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O Carnaval de Brasília segue a todo vapor, e o Bloco Os Galinhos trouxe uma grande festa para as ruas da capital nesta segunda-feira (3). Com uma homenagem especial aos 65 anos de Brasília e ao ex-presidente Juscelino Kubitschek, o bloco celebrou suas raízes nordestinas ao som do frevo e com a animação contagiante dos foliões.

O “Galinho de Brasília” atrai foliões de diversas idades e regiões, incluindo famílias que buscam um espaço seguro e organizado para aproveitar o carnaval. Gabriela Moraes, servidora do Tribunal de Justiça, participou pela primeira vez com o marido e o filho de um ano. Pernambucana de origem, mas moradora da Asa Norte há 11 anos, ela destacou a organização do evento.

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Gabriela Moraes, é de Recife e se animou ao ver a proposta do Bloco do Galinhos. Ela está acompanhada do filho de 2 anos e do esposo.

“Gostei muito, está bem organizado e seguro. Com certeza, nos próximos anos estaremos aqui novamente”, afirmou Gabriela.

Ela conta que ficou empolgada ao encontrar um bloco que celebrava o frevo em meio à folia brasiliense. “Sou de Recife e sempre procurei um espaço aqui que trouxesse essa energia do Carnaval pernambucano. Quando soube desse bloco, não tive dúvidas de que era o meu lugar. A música, a animação e até a forma como as pessoas se envolvem com a dança me fizeram lembrar muito minha terra”, contou.

O casal Jonas Freire, 41 anos, e Joana Dark, 36, moradores da Ponte Alta do Gama. Casados há 17 anos, eles levam a tradição do Galinho para toda a família.

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Joana Dark e Jonas Freire tem a tradição de ir nos Galinhos. Este é o primeiro ano da filha Maria, de 5 anos no bloco. 

“Já participamos há mais de dez anos do bloco. O que mais gostamos é a segurança e a possibilidade de curtir em família”, conta Jonas. O casal tem duas filhas, uma de 16 anos e outra de 5. A mais velha cresceu frequentando o evento, e agora é a vez da caçula ter sua primeira experiência no bloquinho. “Viemos com a nossa filha mais velha desde pequena e agora trouxemos a mais nova para aproveitar também”, explica Joana.

No meio da folia, a pequena se encantou com as atrações infantis, especialmente o trenzinho e os dançarinos. 

A professora Naiara Santos de França Leite, 39 anos, moradora do Guará, decidiu levar pela primeira vez suas duas filhas, Laura, de 2 anos e 4 meses, e Olívia, de 6 anos, para conhecer a folia do bloco.

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Naiara Santos, de 38 anos, moradora do Guara com a família no bloco. 

“O espaço está bem acessível, organizado e seguro. As crianças estão curtindo muito”, comenta Naiara, que foi acompanhada do marido, da mãe, do irmão e da cunhada. Para ela, a experiência tem sido diferente dos anos anteriores, quando costumava ir apenas com o marido. “Agora, com as crianças, estamos mudando um pouco a vibe dos bloquinhos que costumamos frequentar”, explica.

Este foi o primeiro bloco do Carnaval da família, e Naiara destaca que a escolha foi certeira. “O Galinho é família”, afirma. 

O presidente do bloco Galinho de Brasília, Romildo de Carvalho Júnior, ressaltou a importância do Carnaval para a cidade e lamentou as dificuldades enfrentadas para manter a tradição nas ruas do Distrito Federal. Ele foi um dos fundadores do Galinho e, ao longo dos anos, tem lutado para garantir a realização do evento.

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Romildo, presidente do bloco dos Galinhos.

“Nos preparamos durante muito tempo para fazer um Carnaval que agrade Brasília. Este ano, inclusive, nossa homenagem é à cidade e a Juscelino Kubitschek”, destacou Romildo. Para celebrar os 65 anos da capital federal, o bloco trouxe um boneco gigante do artesão pernambucano Itacaré, inspirado no ex-presidente.

Apesar do esforço, o presidente do Galinho critica as restrições impostas à folia. “O Carnaval é feito pelo povo e de forma livre, mas temos sido impedidos de passar pelo espaço em que criamos o bloco. Desde 2017, enfrentamos dificuldades para desfilar na comercial da 203 Sul, local onde tudo começou”, disse. Para ele, impedir a circulação do bloco é uma violação do direito de ir e vir.

Romildo também destacou o reconhecimento do frevo como patrimônio cultural imaterial da humanidade pela Unesco, em 2012, e como patrimônio brasileiro pelo Iphan, em 2007. “Brasília é uma cidade grande, tem espaço de sobra para receber o público do Carnaval. Uma orquestra como a nossa, em qualquer outro lugar do Brasil, seria extremamente premiada, mas aqui o som se perde com a mistura de outros blocos próximos”, criticou.

Além das dificuldades para garantir o desfile, Romildo apontou que Brasília poderia explorar melhor o potencial do Carnaval para impulsionar a economia. “A estimativa é que a festa movimente R$ 320 milhões na cidade. Brasília não tem uma indústria forte, mas tem vocação para o turismo cívico e de eventos. Por que não aproveitar isso para mostrar a cidade para o mundo?”, questionou.

Apesar dos desafios, o presidente do Galinho garantiu que o bloco mantém sua essência e que a folia continua. “Nosso foco não é a quantidade de foliões, mas a qualidade do que fazemos. Vamos transformar qualquer obstáculo em limonada, porque a alegria vai continuar”, afirmou.

História

O “Galinho de Brasília” é um dos blocos carnavalescos mais tradicionais do Distrito Federal, levando a cultura pernambucana para as ruas da capital desde 1992. Inspirado no icônico “Galo da Madrugada” de Recife, o bloco surgiu quando um grupo de amigos pernambucanos, impossibilitados de viajar para o carnaval de sua terra natal devido ao confisco das poupanças, decidiu recriar a folia em Brasília. Desde então, a festa cresceu e se consolidou como uma grande manifestação cultural na cidade.

Apesar da tradição, o bloco enfrentou desafios ao longo dos anos. Em 2023, pela primeira vez em três décadas, não desfilou devido a entraves burocráticos e negativas de autorização para ocupar o local tradicional de desfile, na entrequadra 203/204 Sul. Em 2024, porém, o bloco retornou às ruas, reunindo uma multidão saudosa para celebrar o frevo e a cultura nordestina no coração de Brasília.

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