Nasa lança hoje telescópio que investigará a origem do Universo e missão que estudará o Sol


Lançamento está previsto para as 00h09 deste segunda-feira (3) no horário de Brasília, a partir da base de Vandenberg, na Califórnia. O telescópio SPHEREx da NASA pronto para missão cósmica. Instrumento promete desvendar mistérios sobre origem do universo e buscar sinais de vida em galáxias distantes.
NASA/JPL-Caltech
A Nasa, a agência espacial norte-americana, e a SpaceX devem lançar nesta segunda (3) duas importantes missões científicas: a do telescópio SPHEREx, que promete revelar segredos sobre a origem do nosso Universo, e a PUNCH, dedicada a estudar os mistérios do Sol (saiba mais abaixo).
O lançamento está previsto para as 00h09 desta segunda-feira (3), no horário de Brasília, a partir da base de Vandenberg, na Califórnia.
Embora modesto em tamanho, o SPHEREx (sigla em inglês para Espectrofotômetro para a História do Universo, a Época da Reionização e a Exploração de Gelo) tem pela frente uma tarefa grandiosa: mapear mais de 450 milhões de galáxias e buscar vestígios do primeiro instante após o Big Bang.
Com formato semelhante a um megafone, o observatório custou cerca de 488 milhões de dólares (cerca de R$2,842 bilhões), valor muito inferior ao do supertelescópio espacial James Webb.
Mesmo assim, o SPHEREx possui capacidades impressionantes. Seu espelho, do tamanho de um prato de jantar, foi projetado para captar luz infravermelha em uma área gigantesca, equivalente a 200 vezes o tamanho da nossa Lua cheia. Com isso, o instrumento conseguirá fazer um mapeamento completo do céu a cada seis meses.
“Ao mapear a distribuição das galáxias em todo o céu, podemos entender melhor características únicas da inflação [uma fase de expansão extremamente rápida do Universo logo após o Big Bang]”, afirma o cosmologista Olivier Doré, cientista do projeto SPHEREx.
Já a missão PUNCH (sigla em inglês para Polarímetro para Unificar a Corona e a Heliosfera) consiste num quarteto de satélites que capturará, pela primeira vez, imagens em 3D da transformação da coroa solar em vento solar.
Segundo a Nasa, a missão deve operar por pelo menos dois anos, após um período inicial de testes.
“Esta é nossa primeira tentativa de enxergar a relação entre dois mundos da física solar que sempre estudamos separadamente”, explica Craig DeForest, líder da pesquisa.
E o momento é ideal: o nosso Sol encontra-se em seu “máximo solar”, fase de intensa atividade em seu ciclo de onze anos.
Entenda mais abaixo como funcionarão as duas missões.
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O telescópio SPHEREx da NASA, em ilustração artística. Instrumento explorará o cosmos em busca de respostas sobre a origem das galáxias e os blocos fundamentais da vida.
Nasa/JPL-Caltech
Entenda a missão do SPHEREx
Uma das principais funções do telescópio é investigar a “inflação cósmica”, isto é, a expansão trilhões de vezes maior que o Universo sofreu em uma fração de segundo após sua criação, há aproximadamente 13,8 bilhões de anos.
“Temos boas evidências de que a inflação ocorreu, mas a física por trás desse evento ainda é bastante incerta”, acrescenta Dore.
Para ajudar a desvendar esse quebra-cabeça, o SPHEREx fará um mapeamento sem precedentes do céu, analisando a luz de mais de 450 milhões de galáxias e 100 milhões de estrelas na Via Láctea.
Isso significa que ele poderá revelar pistas sobre a origem do Universo, a evolução das galáxias e até mesmo elementos essenciais para a vida, como água congelada e moléculas orgânicas escondidas no espaço.
Fora isso, o telescópio também vai medir o brilho coletivo de todas as galáxias, inclusive aquelas tão fracas ou distantes que nunca foram detectadas antes.
Para isso, em vez de apenas observar galáxias individuais, ele captará a luz somada de tudo o que já brilhou no Universo, ajudando a traçar uma história mais completa da evolução cósmica.
O processo de montagem do SPHEREx.
Nasa/JPL-Caltech
E diferente do Hubble e do Webb, que focam em imagens detalhadas de regiões específicas do céu, o SPHEREx terá uma visão muito mais ampla, cobrindo o céu inteiro.
Justamente por causa disso, seu mapeamento colorido permitirá detectar assinaturas químicas invisíveis a outros telescópios, revelando informações sobre a composição e a distância de objetos espaciais.
Mas para funcionar corretamente, o telescópio precisa operar a temperaturas extremamente baixas, próximas de -210 °C.
Para isso, o instrumento conta com um sistema de resfriamento baseado em três escudos cônicos que protegem seus sensores do calor do Sol e da Terra.
Entenda a missão PUNCH
Já a PUNCH quer entender melhor como o Sol influencia tudo ao seu redor.
Isso porque o nosso astro não apenas ilumina e aquece a Terra, mas também libera um fluxo constante de partículas que viajam pelo espaço em alta velocidade.
E esse vento invisível pode afetar satélites, redes elétricas e até mesmo astronautas.
Por isso, a PUNCH deve acompanhar esse vento solar de perto, registrando sua jornada desde a atmosfera externa do Sol até os confins do Sistema Solar.
Concepção artística mostra o PUNCH.
Nasa/JPL-Caltech
Quatro pequenos satélites, do tamanho de malas de viagem, vão trabalhar juntos para capturar imagens desse fenômeno sem interrupção.
Com isso, elas vão mostrar como o vento nasce e se espalha pelo espaço, algo que os cientistas ainda não conseguem observar em detalhes.
Isso pode ajudar a prever eventos que afetam a Terra e as sondas espaciais que exploram o universo. Além disso, a PUNCH vai oferecer imagens inéditas da coroa solar – a camada mais externa do Sol, que muitas vezes só conseguimos ver durante um eclipse.
Para isso, os satélites da missão vão se espalhar em torno da Terra para formar uma espécie de câmera gigante no espaço. Dessa forma, eles conseguirão capturar uma visão ampla e contínua do que acontece no Sol.
O diferencial é que essa observação será feita 24 horas por dia, com raras interrupções quando a Terra estiver no caminho.
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