Suplente pede cassação de vereadores por suposta fraude do DC à cota de gênero

Os vereadores Roberto Franco e Adnan Lima (Fotos: Reynesson Damasceno/CMBV)

O ex-candidato a vereador pelo União Brasil, Major Emmanuel, encabeça uma ação para anular os 15.464 votos dos candidatos do DC nas eleições de 2024 por suposta fraude na cota de gênero. A medida poderia cassar os mandatos dos vereadores Roberto Franco – o mais votado do pleito passado com 4.043 votos – e Adnan Lima, que recebeu 2.687.

A Folha não conseguiu contato com representantes do partido até a publicação da reportagem. Lima ainda não respondeu. Franco defendeu o partido ao negar todas as acusações e afirmou que tem a consciência “limpa” e “honesta”.

O parlamentar também disse que já apresentou a defesa nos autos para refutar os argumentos do denunciante e declarou que a ação é mero descontentamento com o resultado das urnas. “Estou com minha consciência limpa e que fiz uma campanha diferenciada”, falou.

O que diz a denúncia

Na Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije), Major Emmanuel levanta suspeita sobre o fato de a maioria das oito candidatas do DC possuir o mesmo valor recebido como doação para campanha, R$ 5.142,25, e exatamente as mesmas despesas, sendo algumas direcionadas a uma gráfica e outras ao diretório municipal do partido.

Foi o caso da candidata Socorro Sicales, que recebeu esse valor e obteve apenas seis votos. Ela sequer apresentou redes sociais à Justiça Eleitoral, embora tenha um Facebook que não movimenta desde 2022. Para o denunciante, ela não teve uma campanha efetiva.

Major Emmanuel também questionou a falta de publicação de atos de campanha nas redes sociais por parte de candidatas, como Loira do Salão, que recebeu 41 votos, enquanto tem apenas uma foto no Instagram, justamente a do dia da convenção da sigla.

O ex-candidato ainda mencionou Julyanna Almeida, cuja rede social informada à Justiça Eleitoral não existe ou foi removida, e que recebeu oito votos. Citou que a página no Facebook dela contém apenas a arte de um santinho. Ela recebeu R$ 10,8 mil em doações e comprou 50 mil santinhos. “Chama a atenção a quantidade empregada em adesivos perfurados e sem nenhuma evidência de ter realizado adesivaço ou algo parecido”, pontuou.

No decorrer do processo, o segundo suplente do DC, Ruan Kenobby, que recebeu 1.722 votos, revelou ter testemunhado diversas movimentações e acordos firmados pelo partido para preencher a cota de gênero, e prometeu apresentar, em “momento oportuno” nos autos, documentos que comprovam suas alegações. Ele afirma, por meio da defesa, que as fases processuais seguintes vão comprovar as acusações do autor da ação.

À Folha, Roberto Franco disse ter participado de três reuniões do partido sobre as eleições, mas negou que o diretório tenha negociado acordos para preencher a cota de gênero. “Nem conhecia o Ruan Kenobby, vim saber depois que ele era vereador”, disse, sugerindo descontentamento do ex-vereador com a eleição passada.

A Aije foi apresentada em novembro passado e pedia que a Justiça Eleitoral impedisse a diplomação e posse dos beneficiados pela suposta fraude, o que não ocorreu. Ademais, o autor solicitou a submissão de todas as provas possíveis e a oitiva de testemunhas.

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