Terremotos no Brasil: entenda como ocorrem

Um falso alerta de terremotos para a região de São Paulo e Rio de Janeiro chamou a atenção da população na última semana. O episódio não foi isolado, pois avisos precipitados como esse já ocorreram anteriormente. Para esclarecer a situação, o professor e geofísico George Sand França, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, explica como ocorrem terremotos e o que pode levar a falhas nos sistemas de alerta.

Terremotos no Brasil: mito ou realidade?

Embora muitas pessoas acreditem que o Brasil está imune a terremotos, Sand esclarece que o fenômeno ocorre no país, ainda que com menor intensidade.

“O terremoto é uma liberação instantânea de energia em regiões de zona de fraqueza, ou seja, que estejam sofrendo pressões, geralmente no limite das placas, como no Japão e na costa oeste sul-americana”, explica o especialista.

Segundo ele, a falta de informação contribui para a ideia de que tremores não acontecem no Brasil. “A escola muitas vezes não comunica isso pois a ocorrência é bem menor. Sempre houve tremores no Brasil, mas a divulgação e a informação é muito carente”, enfatiza.

Entretanto, por mais que a atividade sísmica no Brasil seja menor, o país já presenciou terremotos com magnitude maior que 5, em cidades como Mara Rosa (GO) e São Sebastião (SP).

Por que os sistemas de alerta falham?

A falha recente está relacionada à forma como o sistema de alerta do Google funciona. Ele se baseia em sensores dos celulares e ainda está em fase de implementação, o que pode levar a alertas falsos caso não haja a confirmação de especialistas.

“Se um evento sísmico não for analisado por órgãos responsáveis, o sistema pode emitir um alerta de forma automática, mesmo sem a confirmação de um terremoto real”, ressalta George.

Esse problema não acontece apenas no Google. Em maio de 2024, um órgão internacional emitiu um alerta de terremoto de magnitude 4.3 no Maranhão, mas depois confirmou-se que não houve tremor.

Esse tipo de erro ocorre pois os algoritmos, por si só, não conseguem interpretar com precisão todas as oscilações. Em regiões sem grande atividade sísmica, eles podem confundir pequenas movimentações naturais do solo com terremotos. Por isso, é essencial que os alertas passem por uma análise humana antes de serem divulgados oficialmente.

Podem acontecer grandes terremotos novamente?

“Tivemos tremores de magnitude 6.2 em 1955, na Serra do Tombador, Porto dos Gaúchos. Se vier a acontecer novamente causará um dano muito maior, mas a probabilidade disso acontecer é muito pequena”, destaca o geofísico.

Entretanto, Sand alerta que por mais que seja improvável uma ocorrência de um grande impacto, nunca pode-se descartar. “Ultimamente temos maior tecnologia para detectar os eventos, o crescimento populacional fez com que a percepção de eventos sísmicos fosse mais frequente, e fez com que essa ideia de não terem atividades sísmicas no Brasil começasse a cair por baixo.”

Em relação ao sul brasileiro, por mais que cidades como Tubarão (SC), já tenham registrado fortes tremores de magnitude maior que 5 há muito tempo, em 1939, a região Sul é a mais calma do país. Raramente ocorrem atividades sísmicas, e quando ocorrem, não causam danos na grande maioria dos casos.

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