Pesquisadores descobrem repelente contra tubarão

Pesquisadores das universidades College Dublin, na Irlanda, e Florida Atlantic University, nos Estados Unidos, descobriram que a tinta de lula pode funcionar como um repelente contra tubarões. As informações foram publicadas pela Newsweek.

A substância liberada na água pelo cefalópode para confundir os predadores parece capaz de ofuscar o olfato dos tubarões. A descoberta pode ajudar a prevenir os ataques contra humanos.

“Pode ser possível implantar repelentes seguros e direcionados perto de praias e locais de pesca, para minimizar os encontros entre tubarões e humanos”, disse a bioinformata da College Dublin, Colleen Lawless, em um comunicado.

A descoberta ocorre no momento em que novos dados do International Shark Attack File – banco de dados global que reúne todos os ataques de tubarão conhecidos –  revelaram que os EUA mais uma vez têm o maior número relatado de mordidas de ataque de tubarão não provocadas.

No total, o país registrou 28 incidentes no ano passado — metade dos quais aconteceu na costa da Flórida. De quatro ataques fatais em todo o mundo, um aconteceu em águas dos EUA, perto de Oahu, Havaí.

Olfato enganado

De acordo com a Newsweek, Lawless e seus colegas usaram dados genéticos de várias espécies de tubarão para modelar as estruturas tridimensionais dos receptores olfativos dos predadores.

Isso permitiu mostrar que a melanina – principal componente da tinta de lula – tem uma estrutura molecular que pode se prender aos receptores de cheiro dos tubarões e ativar um dos seus sentidos vitais, o que significa que eles podem ser encorajados a evitar qualquer água na qual o produto químico tenha sido disperso.

Segundo o estudo, o impedimento tem o potencial de funcionar na maioria das espécies de tubarão.

Preservação da espécie

Atualmente, as ferramentas para afastar tubarões incluem redes de emalhar (que apresentam painéis verticais de rede pendurados em flutuadores) e drumlines, que atraem e capturam tubarões por meio de anzóis iscados pendurados em barris flutuantes.

Esses mecanismos são invasivos e podem causar danos não apenas aos tubarões, mas também a outras formas de vida marinha, incluindo golfinhos, arraias, tartarugas e até baleias.

Já o uso de melanina como repelente de tubarões oferece uma maneira mais sutil e menos prejudicial de manter os tubarões longe. 

“Por exemplo, análogos sintéticos de compostos de tinta de lula poderiam ser usados ​​para manter os tubarões longe de regiões perigosas, como águas poluídas de áreas com alta atividade pesqueira, melhorando assim sua sobrevivência, já que muitas espécies de tubarões são classificadas como ameaçadas de extinção”, concluiu Lawless para a Newsweek.

Tinta de lula

A tinta de lula é uma tinta de cor escura ou luminosa liberada na água pela maioria das espécies de cefalópodes, geralmente como um mecanismo de escape contra predadores. Todos os cefalópodes, com exceção dos Nautilidae e Cirrina, são capazes de liberar a substância como mecanismo de defesa.

A tinta de Lula apresenta grande quantidade de vitamina C e pode ser incluída na dieta. É vendida em embalagens e auxilia na digestão, regula a pressão arterial e fortalece o sistema imunológico.