Entenda a escalada de tensões recentes no Oriente Médio

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Por Júlia Lopes e Maria Beatriz Giusti
Agência de Notícias CEUB

No útimo final de semana, Israel bombardeou alvos militares no oeste e no sudeste de Teerã, capital iraniana. Os ataques do governo de Benjamin Netanyahu são em resposta aos mísseis do Irã em 1° de outubro. As forças israelenses justificaram as retaliações com o “direito e o dever” de qualquer país soberano de se defender dos atentados que ocorrem na região desde 7 de outubro de 2023.

“Nossas capacidades defensivas e ofensivas estão totalmente mobilizadas”, comunicou o exército israelense na sexta-feira (25/10). “Faremos o que for necessário para defender o Estado de Israel e o povo de Israel”.

Já o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, chamou o ataque israelense de “um erro” “Os sionistas (israelenses) estão cometendo um erro de cálculo em relação ao Irã. Eles não conhecem o Irã. Eles ainda não conseguiram entender corretamente o poder, a iniciativa e a determinação do povo iraniano.”

Escalada de tensão 

Há mais de um ano, em 7 de outubro de 2023, uma invasão surpresa do grupo terrorista palastino Hamas ao território israelense iniciou a guerra pelo território de Gaza. Naquele dia, cerca de 1.200 pessoas foram mortas e outras 250 foram levadas à Gaza como reféns de Hamas. Desde então, os ataques do exército de Israel já deixaram mais de 42.840 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas. 

O professor de relações internacionais do CEUB Danilo Vieira explica que a autonomia territorial da Palestina foi a principal motivação e causa para o início do conflito, assim como a criação de um Estado islamico conforme as convicções do Hamas. Em resposta, Israel tomou como primeira medida contra o Hamas a ocupação da faixa de Gaza sob o pretexto de recuperação.

De origem sunita, o Hamas surgiu na década de 1980 em respostas às ocupações israelenses. O grupo baseia sua pauta em critérios políticos e de cunho religiosos islâmicos. “Desde a ocupação israelense na região, o Hamas e outros grupos entendem que Israel é território imposto pelo ocidente e, assim, existe a necessidade de expulsá-los”, completa Vieira. 

Vieira ainda explica que outros grupos extremistas do Oriente Médio também entendem a presença de Israel como invasora. “O Hamas por si só não seria capaz de agir sozinho, precisa da ajuda de grupos como o Hezbollah”, diz. 

Fundando nos anos 80 por líderes religiosos durante a a Guerra Civil Libanesa, o Hezbollah é um movimento islâmico Xiita libanês de origem partidária, política e social. “Atualmente, o grupo age como um braço estratégico do Irã e também presta apoio ao Hamas”, diz Vieira.

Depois de quase um ano do conflito Israel e Palestina, Israel redirecionou a guerra. Em 17 e 18 de setembro deste ano, duas explosões de aparelhos de mensagens do tipo pagers e walkie talkies usado pelo grupo Hezbollah, no Líbano, deixaram milhares de pessoas feridas e mais de trinta pessoas mortas. A responsabilidade foi atribuída a Israel, mas o país não quis se pronunciar sobre o ataque. 

“Eles detonaram de uma forma massificada e homogênea, matando e ferindo, toda uma rede de conexão do grupo. Ao analisar o ataque dos pagers, dentro da perspectiva do direito internacional, é um terror. É um ato de terrorismo de estado. É por isso que Israel não vai e até agora não declarou nada”, explica Vieira. 

Em 28 de setembro, as forças israelenses declararam a morte do líder do movimento militante xiita Hezbollah, Hassan Nasrallah, depois que um ataque na noite de sexta-feira (27/10) atingiu o quartel-general do grupo em Beirute, no Líbano. 

Além de Nasrallah, o exército israelense também confirmou a morte de mais outras 20 figuras de lideranças do grupo libanês. Em um vídeo divulgado pelas forças israelenses, o chefe do exército, Herzi Halevi, esclarece os objetivos de Israel nos ataques. “A mensagem é muito clara: sabemos que podemos chegar a qualquer pessoa que ameace os cidadãos israelenses, no norte, no sul ou em outros lugares”, disse.    

Já em 17 de outubro, o governo de Israel anunciou a morte de um dos principais alvos desde o início da guerra, no ano passado: o líder do Hamas, Yahya Sinwar. Em pronunciamento no dia 18/10, Netanyahu afirmou que, apesar da morte do líder, a guerra na faixa de Gaza ainda continua com força. 

“Para as estimadas famílias dos reféns, eu digo: Este é um momento importante na guerra. Continuaremos com força total até que todos os seus entes queridos, nossos entes queridos, estejam em casa”, disse o chefe de estado.

Para Danilo Vieira, a estratégia de Israel é desestabilizar os movimentos ao dar fim às lideranças dos grupos, e não por novas ocupações. 

“Não basta aniquilar as forças e ocupar os territórios. Quando os movimentos têm causa ideológica, eles sempre renascerão”, argumenta o professor. “Eles (Israel) querem desmobilizar intelectualmente o Hezbollah, e com isso uma maior facilidade em agir e destruir as concentrações ”, completa.  

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