PF indicia quatro policiais civis suspeitos em caso do delator do PCC

antônio vinícius lopes gritzbach

CLAUDINEI QUEIROZ E ROGÉRIO PAGNAN
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

A Polícia Federal indiciou nesta terça-feira (11) 14 pessoas suspeitas de participação no caso do delator do PCC (Primeiro Comado da Capital) Antônio Vinicius Gritzbach, 38, em 8 de novembro passado, no aeroporto de Guarulhos. Desses, quatro são policiais civis, um deles, o delegado Fábio Baena Martin.

O inquérito foi relatado ao Ministério Público Federal, que deve dar seu parecer nos próximos dias. A PF também enviou representação pela prisão preventiva (sem prazo) de oito dessas pessoas ao juiz do caso.

A corporação não detalhou quais os indícios contra eles.

Baena e sua equipe foram os responsáveis pela investigação do assassinato em 2021 de Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, chefe do PCC. Gritzbach era o principal suspeito de ser o mandante do crime e acusou policiais do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) de exigirem R$ 40 milhões em troca do encerramento do inquérito.

Os agentes também foram acusados pelo delator de terem desviado objetos de valor de sua residência, entre eles, relógios de luxo.

Somente quando Gritzbach foi encaminhado para a carceragem do 8° DP (Brás) é que os próprios agentes contaram que os objetos estavam em um armário. Eles teriam dito ao delator que os relógios seriam devolvidos quando ele deixasse a prisão. Os objetos foram entregues na casa de Gritzbach, mas ele notou a falta de sete deles.

Os agentes citados na delação de Gritzbach já haviam sido afastados de seus cargos operacionais e encaminhados a funções administrativas enquanto aguardavam o inquérito.

A defesa do delegado Fábio Baena e do investigador Eduardo Monteiro, presos em dezembro sob suspeita de extorquir dinheiro do delator, enviou nota à Folha de S.Paulo dizendo-se indignada pela medida da PF, mas afirma não ter sido surpreendida.

“Com muita indignação, mas sem surpresa, a defesa do dr. Fábio Baena Martin e do investigador Eduardo Monteiro recebeu a informação de que na calada da madrugada, a arbitrária Autoridade Policial concluiu o inquérito policial em que são apuradas as elocubrações do mitômano e criminoso confesso, Vinícius Gritzbach, sem que tenha se dignado de analisar os pedidos de produção de provas formulados por essa defesa que desmentiriam as ilações e bravatas suscitadas pela citada Autoridade, a qual abusivamente preferiu indiciar todos os investigados, de maneira genérica, sem qualquer individualização, e sem que existentes indícios do cometimento de qualquer crime”, diz a nota.

Ela é finalizada afirmando que aguarda que a Justiça analise e decida “de forma adequada e isenta os pedidos da defesa, fazendo cessar a injusta coação imposta aos nosso clientes”.

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