Nem Rússia se levantou por Venezuela entre parceiros do Brics ante restrição de Lula


Brasil pediu análise “cautelosa” de vontade de Maduro de ingressar no grupo e freou adesão; blog antecipou posição do presidente brasileiro. Vladimir Putin na cúpula do Brics
Alexander NEMENOV / POOL / AFP
Nem a Rússia, de Vladmir Putin, o maior entusiasta do ingresso da Venezuela no grupo de países parceiros do Brics, se levantou para defender o pleito de Nicolás Maduro diante das restrições apresentadas pelo Brasil nas reuniões que antecederam a divulgação da lista de nações que devem passar a apoiar o bloco.
O Brics, fundado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, promove uma série de reuniões esta semana em Kazan, na Rússia. Uma das principais pautas é a expansão do bloco, com adesão de cerca de 12 países parceiros. Venezuela e Nicarágua estavam entre os que pleiteavam o posto.
Como antecipou o blog na segunda-feira (21), o presidente Lula manifestou internamente, ao seu time, que teria restrições ao ingresso da Venezuela no Brics. Impedido de ir a Kazan por um acidente doméstico, Lula orientou pessoalmente o time da diplomacia que forma a delegação do Brasil na Rússia.
Nas reuniões que antecederam a divulgação, ontem, da lista de países que podem passar a apoiar o Brics, o time do Brasil externou com firmeza um veto completo à Nicarágua, país onde o ditador Daniel Ortega expulsou o diplomata brasileiro e passou a perseguir religiosos e opositores, e também restrições à Venezuela.
“O Brics nunca foi um clube de países democráticos. Pragmaticamente, sempre foi um grupo de países emergentes que queriam ampliar sua influência e negócios. É preciso deixar isso claro. Desde a fundação o Brics tem membros com dificuldades democráticas”, explicou uma fonte da diplomacia ao blog.
Por isso, todo o argumento em torno do veto à Venezuela se deu em termos práticos: Maduro, em sua escalada pelo poder, rompeu com uma série de países na América do Sul, como Chile e Uruguai; desagradou interlocutores importantes, como México, e passou a atacar abertamente a maior potência econômica do eixo: o Brasil.
As restrições da delegação brasileira foram ouvidas pelos demais países fundadores. Segundo fonte diplomática, nenhuma nação, nenhum representante dos demais membros, nem da Rússia, de Putin, manifestou “poréns” à fala do Brasil.
Num gesto a Lula, Putin já apresentou a lista de países candidatos a parceiros sem o nome da Venezuela na ata.
O processo ainda não está finalizado, mas uma reversão de cenário pró-Maduro é vista como muito improvável. Ainda assim, Maduro desembarcou em Kazan para falar por seu país.
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