Sabesp culpa imóveis por entupir tubulação e espalhar esgoto na rua Augusta

PEDRO VILAS BOAS
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)

A Sabesp admitiu que houve um entupimento no coletor de esgoto próximo à rua Augusta, no centro de São Paulo, que se espalhou pelo local e invadiu imóveis, como mostrou o UOL na segunda-feira (10).

Porém, a companhia diz que o problema foi causado pelos imóveis da região.

Imóveis lançaram, de forma irregular, água da chuva carregada de materiais na tubulação, segundo a empresa. “A Sabesp ressalta a importância de os imóveis fazerem o lançamento da água de chuva separado da rede de esgoto, como determina a legislação”, diz o comunicado. Inicialmente, a companhia afirmou que uma vistoria constatou que a rede de esgoto estava operando normalmente e que a água escorria de uma obra na rua.

A Sabesp disse ainda que o coletor está funcionando normalmente após uma limpeza realizada na sexta-feira (7) e no sábado (8). Segundo a Sabesp, os imóveis também foram limpos e desinfectados.

Capital paulista registrou 79 autuações, entre janeiro de 2024 e esta terça-feira (11), por lançamentos irregulares em via pública, como o que teria causado o entupimento. De acordo com a prefeitura, esse crime é passível de multa de até R$ 30 mil.

A Subprefeitura Pinheiros disse que limpou no sábado as bocas de lobo ao longo de toda a rua Augusta.

‘CHEIRO INSUPORTÁVEL’

Durante quase um mês, o comércio da famosa rua Augusta dividiu a atenção de quem passava pelo local com o mau cheiro provocado pelo esgoto a céu aberto. O odor era a principal reclamação de quem trabalhava ou passava pelo local quando o UOL visitou a rua, na quinta-feira (6).

“É um cheiro insuportável”, disse uma mulher, que preferiu não se identificar. “Eu estou convivendo com esse cheiro durante toda a tarde, porque trabalho bem aqui em frente. É um descaso”, completou.

O esgoto chegou a invadir imóveis e causar prejuízo aos comerciantes. A água com dejetos alcançou cerca de um metro do estacionamento de um dos imóveis, na altura 2854, no Jardins.

Trabalhadores da rua Augusta disseram que o esgoto começou a invadir imóveis após as fortes chuvas de 24 de janeiro. Naquele dia, a capital paulista registrou 125,4 mm de chuva, o terceiro maior volume desde o início da série histórica do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), em 1961.

Dieylla Gomes, gerente de um salão no local, estima que já gastou cerca de R$ 50 mil com uma reforma hidráulica, geladeira e novos móveis. “Foi uma destruição”, resumiu. “Já estou em contato com advogados para avaliar a possibilidade de processar a Sabesp”, disse.

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