No Espírito Santo, cientistas transformam alga marinha em adubo para a agricultura


A expressão ‘economia azul’ se refere ao uso dos recursos dos oceanos de forma sustentável, sem agredir o meio ambiente. Pesquisadores brasileiros usam algas marinhas para produzir adubo
Pesquisadores brasileiros estão usando algas marinhas para produzir adubo.
A expressão “economia azul” se refere ao uso dos recursos dos oceanos de forma sustentável, sem agredir o meio ambiente. E o que um vídeo gravado no meio de um cafezal tem a ver com isso?
“Meu nome é Enison Ferreira Filho, sou produtor de café, a quarta geração de produtores, aqui na região de Alta Mogiana. Hoje, estou no meio da lavoura”.
A plantação fica em São Paulo, bem longe do litoral. O que une a fazenda e o mar está nas areias da Praia de Piúma, no Espírito Santo. Os pesquisadores estão recolhendo as algas que vêm com a maré. Para alguns banhistas, elas são até um incômodo, mas são objeto de pesquisa e matéria-prima. As algas vão para o laboratório do Instituto Federal do Espírito Santo. São lavadas, trituradas e coadas.
Depois de quatro anos de estudo, os pesquisadores criaram uma receita com quantidades determinadas de água e tipos diferentes de algas para fazer um suco, que ganha um conservante – só para durar mais. É o adubo feito com alga marinha. O líquido, cheio de nutrientes, é borrifado nas folhas das plantas e no solo. Está em fase final de testes. O Enison, que gravou o vídeo no interior paulista, notou uma melhora na plantação.
“Vamos seguir usando, aplicando conforme as recomendações”, conta Enison.
No Espírito Santo, cientistas transformam alga marinha em adubo para a agricultura
Jornal Nacional/ Reprodução
O que sobra do processamento das algas também tem utilidade. O pó, rico em proteína e aminoácidos, está sendo testado como fonte de alimento para galinhas.
As algas já são usadas para fazer cosméticos, medicamentos e adubo também. Mas, geralmente, esses cultivos são feitos dentro da água e é preciso fazer a colheita periodicamente. A grande diferença dessas algas chamadas arribadas é que dá menos trabalho. A matéria-prima é de graça e já é trazida pelo mar. É só pegar na praia.
“É basicamente transformar o lixo que vem da praia em uma renda tanto para os empreendedores aqui do Ifes, os pesquisadores, como para as comunidades, os pescadores, as marisqueiras… Elas conseguirem também ter uma renda”, diz o engenheiro de pesca Igor Fontes.
Os pesquisadores já descobriram que não podem recolher todas as algas. É importante para o meio ambiente que pelo menos metade fique na areia da praia. E, assim, todo mundo sai ganhando.
“Gera renda, envolve a comunidade, envolvendo os nossos alunos, os nossos professores e a nossa comunidade em um propósito mundial: tratar do bem-estar dos oceanos”, afirma Marlon França, professor do Instituto Federal do Espírito Santo.
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