‘Só converso sobre coisas concretas’, diz chanceler brasileiro sobre tarifas de Trump

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ANDRÉ FONTENELL
PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS)

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, disse à Folha nesta segunda (10) que ainda aguarda que se concretize o anúncio, feito na véspera pelo presidente dos EUA, Donald Trump, de elevação das tarifas sobre produtos como o aço e o alumínio, o que impactaria a economia brasileira.


“Não teve, não teve. Vamos esperar que sejam anunciadas”, disse Vieira ao chegar a Cúpula para Ação sobre a Inteligência Artificial, em Paris. “Só posso conversar sobre coisas concretas. Então, na hora em que for anunciado…”, acrescentou.


Embora Trump tenha anunciado a imposição de tarifas, analistas desconfiam que se trate apenas de uma ameaça para obter alguma barganha, como ocorreu semanas atrás com Canadá e México -o presidente americano acabou negociando com os dois países um adiamento das medidas, em troca de um reforço na segurança na fronteira.


A China, porém, já anunciou retaliação à decisão de Trump de taxar em 10% os produtos chineses que entram nos EUA.


Representando o Brasil no evento, o chanceler Vieira participará de uma mesa-redonda sobre governança de IA, juntamente com a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala, diretora-geral da Organização Mundial do Comércio; o magnata taiwanês Joe Tsai, presidente do Alibaba, gigante do e-commerce; Azali Assoumani, presidente de Comores; e a islandesa Anna Tumadóttir, diretora-geral da Creative Commons, organização sem fins lucrativos que licencia direitos autorais.


Após a declaração de Trump ontem, um integrante do governo brasileiro avaliou que a sobretaxa anunciada por Trump tem o objetivo de atingir a China, principal alvo dos discursos protecionistas do presidente americano.


“O Brasil teve sobretaxa no alumínio e cota no aço que acabou prejudicando muitas exportações brasileiras para lá, e, com mais essa tarifa de 25%, vai ficar mais complicado de exportar para o mercado americano”, disse Welber Barral, ex-secretário de comércio exterior e sócio do escritório Barral Parente Pinheiro Advogados.


À espera de definições sobre tarifas, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior elabora um mapeamento dos setores mais afetados pela guerra comercial deflagrada por Trump. A análise elenca medidas que o Brasil poderá adotar, caso a caso, para reagir a uma possível elevação das tarifas pelos norte-americanos.


O levantamento, feito a pedido do vice-presidente Geraldo Alckmin, leva em consideração efeitos colaterais que uma reação em um determinado setor pode gerar para outras áreas de exportação e até mesmo para o mercado interno. Paralelamente, o governo quer acelerar o processo de busca de novos mercados como contraponto ao tarifaço global de Trump.

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