As águas que dão vitalidade

banda patacori foto divulgação

Com programação repleta de atrações e atividades voltadas para a preservação das culturas afro-brasileiras, a Festa das Águas, promovida pelo Instituto Rosa dos Ventos em parceria com o Coletivo das Yás do DF e Entorno, celebra a chegada do mês de fevereiro com muita vitalidade e renovação ao sagrado feminino. Nos dias 1º e 2 de fevereiro, sábado e domingo, o evento fará homenagem à Iemanjá, orixá cultuada nas religiões de matriz africana e na Umbanda. Prestando honrarias às águas do Lago Paranoá, a festividade também cultua a orixá Oxum.

O evento, que ocorre na Praça dos Orixás e tem produção e programação compostas majoritariamente por mulheres, reforça a centralidade do feminino na arte, na organização e na preservação das tradições. “A Praça dos Orixás é um espaço carregado de história e significado. Realizar a Festa das Águas nesse local reafirma a conexão entre o sagrado e as vivências contemporâneas, mostrando que nossas tradições estão vivas e dialogam com os desafios e reflexões do presente. É também uma forma de ocupar e valorizar espaços públicos com nossas expressões culturais e ancestrais”, revela ao JBr Stéffanie Oliveira, presidente do Instituto Rosa dos Ventos.

O evento, que já faz parte do calendário cultural anual do Distrito Federal, traz  muita música, artesanato, culinária e fé. No sábado, a Festa começará às 16h, com as Feiras de Artesanato Tradicional e de Gastronomia Afro, convidando o público a um mergulho nos sabores e saberes das tradições afro-brasileiras. A presidente Stéffanie explica que um dos maiores desafios é sensibilizar a sociedade e as autoridades políticas sobre a importância de um projeto que une o sagrado, a cultura e a preservação ambiental. “É uma construção coletiva que exige engajamento de diferentes frentes, mas tem sido recompensadora ao consolidar um espaço de celebração, respeito e valorização das tradições de matriz africana”, afirma.

Os organizadores do evento criaram a  campanha “Cuide do Lago Paranoá e Receba as Bênçãos de Iemanjá”, reforçando a importância da conservação do local, elemento central e sagrado da Festa das Águas.  A iniciativa integra ações culturais e ambientais, incentivando a reflexão sobre a preservação do meio ambiente. O público  é orientado a oferecer às águas presentes biodegradáveis, como flores, frutas, comidas e fibras vegetais, substituindo materiais poluentes por opções que respeitem e celebrem a natureza.

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Festa das Águas. Crédito: Nívea Magno

Sabedoria dos ancestrais

No sábado, sob a condução de Mãe Vilcilene Ty Jagun, o Espaço Erê receberá a vivência Sabedoria dos Contos Africanos e Ameríndios, com contação de histórias para crianças, em que a ialorixá valoriza a oralidade, a ancestralidade e a força da comunidade feminina na preservação das memórias culturais.

Para a sacerdotisa, o Espaço Erê proporciona a conexão com a ancestralidade da criança, aproximando-as ao Sagrado de forma sutil, lúdica e viva. “A contação de  histórias africanas e ameríndias dá à criança o entretenimento, o estímulo da imaginação, o desenvolvimento da criatividade e da oralidade. Também ajuda a compreender o processo cultural dos povos que formaram o povo brasileiro”, afirma. “O Erê é a entidade infantil existente em cada ser humano, a mola que impulsiona a transformação dos problemas e dificuldades da vida em algo mais brando, mais ameno. A criação do Espaço Erê na Festa das Águas é uma novidade do Instituto Rosas dos Ventos para ressignificar a unidade familiar pelos elos das culturas-mães africana e ameríndia”, completa Mãe Vilcilene.

Ainda às 16h, o Entardecer dos Ojás proporcionará um momento simbólico de conexão com o sagrado. As árvores da Praça dos Orixás serão adornadas com ojás brancos, reafirmando a resistência e a força das tradições afro-brasileiras. O banho de cheiro e a defumação criarão um ambiente de renovação e celebração, reforçando a importância desse ritual tradicional iniciado em Planaltina, em 2015.

Batuques

No sábado à  noite, a programação começará com Sambadeiras de Bimba Filhas de Biloca, seguidas pela Banda Patacori e o Encontro de Baque Virado com diversos grupos de maracatu do DF. O encerramento ficará por conta do Samba da Tia Zélia e Letícia Fialho, com DJ Onli nos intervalos. No domingo, o evento iniciará às 16h com o Toque Sagrado para Iemanjá e Oxum, conduzido pelo Coletivo das Yás do DF e Entorno. À noite, subirão ao palco Fernanda Jacob e Ane Êoketu, seguidas da Orquestra Alada Trovão da Mata e 7naRoda com Mariana Aydar. A DJ Flávia Aguiar assume as pickups nos intervalos. Fernanda e Ane destacarão um repertório especial em homenagem às yabás, com releituras de sambas e músicas de terreiro.

coletivo das yás do df foto divulgação
Coletivo das Yás do DF. Crédito: divulgação

“Eu e a Ane estamos preparando um repertório para saudar o Oxum e a Iemanjá e também trazer um repertório voltado para as mulheres no samba, Clara Nunes, Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus, figuras tão importantes na música brasileira, como intérpretes, como compositoras”, antecipa Fernanda Jacob, com muita felicidade em participar festividade. “Queremos celebrar nossas yabás com um repertório que reflete nossa trajetória juntas no samba e nossa conexão com o encantado. O público pode esperar releituras de sambas, pitadinhas de axé e músicas de terreiro, todas pautadas em nossa história, fé e crença”, complementa Ane Êoketu.

Festa das Águas
1º e 2 de fevereiro, às 16h, na Praça dos Orixás (Setor de Clubes Esportivos Sul Trecho 2). Gratuito. Classificação indicativa: livre para todas as idades.

Programação:

Sábado | 1º de fevereiro

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Letícia Fialho. Crédito:Thaís Mallon
  • 16h – Abertura da Feira de Artesanato Tradicional e da Feira de Gastronomia Afro.
  • 16h às 19h
    • Espaço Cada Terreiro é um Ponto
    • Espaço Por Todas Elas | Não é Não
    • Espaço Erê
  • Palco Principal
    • 16h – Encontro do Comitê de Cultura do DF com Povos Tradicionais de Terreiro.
    • 17h – Entardecer dos Ojás (DF) | Banho de Cheiro e Defumação.
    • 19h – Sambadeiras de Bimba Filhas de Biloca (DF).
    • 20h – Banda Patacori (DF).
    • 21h – Encontro de Baque Virado | Zenga Baque Angola (DF), Maracatu do Boiadeiro Boi Brilhante (DF), Baque Dandalunda (DF), Tambores do Amanhecer (DF), Baque Mulher (DF) e Baque do Verde (DF).
    • 22h – Samba da Tia Zélia (DF) e Letícia Fialho (DF).
    •  Intervalos –  DJ Onli (DF).

Domingo | 2 de fevereiro

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7naroda. Crédito: Arthur Lopes
  • 16h – Abertura da Feira de Artesanato Tradicional e da Feira de Gastronomia Afro.
  • 16h às 19h
    • Espaço Cada Terreiro é um Ponto
    • Espaço Por Todas Elas | Não é Não
    • Espaço Erê
  • Palco Principal
    • 16h – Toque Sagrado para Iemanjá e Oxum | Umbanda e Candomblé | Coletivo das Yás do DF e Entorno.
    • 19h –  Fernanda Jacob (DF) e Ane Êoketu (DF).
    • 20h – Orquestra Alada Trovão da Mata (DF).
    • 21h –  7naRoda (DF) com Mariana Aydar (SP).
    • Intervalos: DJ Flávia Aguiar (DF).
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