Candidato de Bolsonaro em Goiânia diz ser formado em direito, mas universidade nega

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RANIER BRAGON
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O candidato de Jair Bolsonaro (PL) à Prefeitura de Goiânia, Fred Rodrigues (PL), informou à Justiça Eleitoral ter curso superior completo, sendo bacharel em direito, mas a PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Goiás afirmou nesta terça-feira (22) que ele não concluiu a graduação, tendo deixado de cumprir 200 horas de atividades complementares obrigatórias.

Fred chegou recentemente a publicar em suas redes sociais parte de seu histórico escolar na PUC contendo aprovação em diversas disciplinas do curso de direito e escreveu: “Adversário desesperado. Concluí o curso de direito na PUC. Tá aqui. Mas preferi atuar na área digital. Não quis seguir carreira de advogado nem atuar no direito”.

A manifestação da PUC se deu em ação de produção de provas movida pela coligação do adversário de Fred, o empresário Sandro Mabel (União Brasil).

No documento, a universidade afirma que Fred ingressou na instituição no segundo semestre de 2004, mas não completou a matriz curricular completa do curso de direito, “faltando o cumprimento das
200 horas de atividades complementares, componente curricular obrigatório”.

A universidade diz ainda que o cadastro do hoje candidato a prefeito está desativado desde 2013 e que Fred “não colou grau em direito nesta universidade”.

Procurado, o candidato disse no final da noite desta terça que as informações dadas à Justiça Eleitoral foram feitas por sua equipe jurídica, a quem determinou a correção do erro. Ele disse ainda nunca ter escondido não ser bacharel em direito, informação que consta, inclusive, em seu perfil na Assembleia Legislativa de Goiás —ele é ex-deputado estadual.

“Eu sempre me posicionei falando a respeito disso e mostrando que eu realmente não sou bacharel em direito e também não sou advogado. (…) O que fiz foi concluir todas as matérias do curso, inclusive a monografia, que é o trabalho de conclusão do curso. O que faltaram foram as horas complementares. Eu até angariei as horas, só que elas expiram. Como não ia atuar na área, não fiz o processo de colação de grau, que é justamente juntar essas horas”, disse Fred.

No debate ocorrido na TV Record no último dia 19, porém, Fred respondeu “sim, sou formado” em resposta à pergunta do adversário sobre o tema.

O artigo 350 do Código Eleitoral (Lei 4.737/1965) estabelece que a inserção de “declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita para fins eleitorais” é crime —falsidade ideológica para fins eleitorais—, passível de punição de até cinco anos de reclusão.

Fred Rodrigues e Sandro Mabel disputam um segundo turno que tem como pano de fundo a queda de braço entre seus dois padrinhos. Bolsonaro, de um lado, e o governador Ronaldo Caiado (União Brasil), de outro.

De acordo com pesquisa Quaest divulgada na última quinta-feira (17), Mabel tinha 46% das intenções de voto contra 39% de Fred —a margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Fred tem 39 anos e tentou ser vereador em 2020, sem sucesso. Foi eleito deputado estadual dois anos depois, mas teve o mandato cassado em 2023 por irregularidades na prestação de contas da campanha anterior.

Ele não era o candidato natural do partido, tendo assumido o posto após o bolsonarista Gustavo Gayer (PL) desistir de concorrer à prefeitura.

Bolsonaro tem participado ativamente da campanha do candidato. Eles já esteve em Goiânia em atos de campanha com Fred no primeiro e no segundo turno e há expectativa de que ele volte até a eleição do próximo domingo (27).

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