Novatos e veteranos pensam definição de cinema nacional na Mostra de Tiradentes

INÁCIO ARAUJO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Criada sob a rubrica do “novo”, a Mostra de Cinema de Tiradentes, que chega à sua 28ª edição nesta sexta-feira (24), acompanhou o surgimento e evolução da geração de cineastas brasileiros que se firmou no século 21, ao mesmo tempo, em que se tornou um festival para onde quem quer que tivesse a ver com cinema voltava os olhos.

Voltava os olhos, em especial, às seções Aurora agora dedicada apenas a primeiros longas-metragens de autor e Olhos Livres, mas também aos filmes exibidos ao ar livre, na praça da cidade. Já existem novas seções a observar, a começar por Autorias.

À medida que a mostra ganha mais anos, os realizadores que começaram a fazer filmes antes do festival existir passaram a ganhar relevo.

Para este ano, a mostra, que acontece até 1º de fevereiro, aproxima duas obras sobre o mesmo eixo temático “Relâmpagos de Críticas, Murmúrios de Metafísicas”, de Júlio Bressane, cineasta que estreou nos anos 1960 e, desde então, nunca deixou de estar na vanguarda; e “Odradek”, retorno de Guilherme de Almeida Prado, que se destacou entre os anos 1980 e 1990, mas há quase 20 anos não filmava.

Pois voltou com um filme de quatro horas e meia de duração, aproximadamente, mais um intervalo de 15 minutos que o cineasta define como um “O Ano Passado em Marienbad” filmado à maneira de Joaquim Pedro e inspirado na obra de Kafka.

Em paralelo, é a jovem atriz Bruna Linzmeyer, de 32 anos, a homenageada da vez, que além da televisão já trabalhou com veteranos como Neville d’Almeida, em “A Frente Fria que a Chuva Traz”, e no recente “Baby”, de Marcelo Caetano.

Na mostra Olhos Livres valerá a pena atentar a “Prédio Vazio”, novo horror de Rodrigo Aragão, um pioneiro no Brasil depois de José Mojica Marins, claro do gênero que maneja com mais inventividade do que recursos. Há ainda trabalhos de autores como Letícia Simões, Pedro Tavares, Gabriela Luíza e Tiago Mata Machado.

A mostra Autorias, por sua vez, contempla cineastas que passaram do primeiro filme sem se entregar ao cinema convencional, caso de Caetano Gotardo, que depois de várias colaborações com seus sócios nos Filmes do Caixote, volta em obra solo: “Uma Montanha em Movimento”.

Já Bruno Safadi codirige “Para Lola” com Ricardo Pretti. Há ainda os novos de Pedro Diógenes, “Centro Ilusão”, de Ricardo Alves Jr., “Parque de Diversões”, e de Isael Maxakali, Luisa Lanna, Sueli Maxakali e Roberto Romero, “Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá”.

Esta programação busca, em resumo, responder à questão colocada pela curadoria da mostra: “Que cinema é esse?” Um cinema que, ao mesmo tempo, luta por um Oscar ou algo assim e para buscar espaço nas salas de exibição sobretudo, nos canais de streaming. Um paradoxo, talvez.

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