Perícia se suspeita de contaminar bolo também envenenou filho e marido

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SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul investiga a suspeita de envenenamento do marido e do filho de Deise Moura dos Anjos, suspeita de contaminar um bolo de Natal que resultou na morte de três pessoas em Torres.

Amostras de sangue dos familiares foram enviadas ao Instituto-Geral de Perícias (IGP) para análise. O pedido foi feito pela Polícia Civil na segunda-feira (13) e as amostras foram coletadas no dia seguinte no Posto Médico Legal de Osório.

A investigação aponta que Deise adquiriu arsênio pela internet em quatro ocasiões no ano passado, com entregas realizadas via Correios. A substância foi encontrada em vítimas que consumiram o bolo contaminado e no corpo de seu sogro, exumado recentemente.

Problemas no casamento, incluindo separações temporárias e episódios de violência doméstica, também são apurados como contexto do caso. Em um boletim de ocorrência registrado em novembro, Deise relatou agressões e conflitos conjugais. Apesar disso, o marido não é considerado suspeito pela polícia.

Além das amostras do marido e filho da suspeita, a perícia também analisa o lanche enviado por Deise Moura dos Anjos para a sogra, Zeli dos Anjos, no hospital.

Suspeita é que Deise tenha envenenado farinha usada em bolo com arsênio. Grandes concentrações da substância foram encontradas no doce e no sangue das vítimas e dos familiares hospitalizados após o consumo, segundo as investigações. Ela está presa temporariamente por 30 dias, com possibilidade de prorrogação pelo mesmo período.

“Não há chances de que a causa da morte tenha sido por contaminação natural”, afirmou chefe de perícia. Segundo Marguet Mittmann, diretora do Instituto-Geral de Perícias, “as provas periciais comprovam que a causa da morte das vítimas foi envenenamento por arsênio” e que a fonte de contaminação do bolo foi a farinha encontrada na casa de Zeli.

“HOMICÍDIOS EM SÉRIE”

Investigadores coletaram provas com “fortes indícios” de que Deise praticava “homicídios em série”.

Segundo a Polícia Civil do Rio Grande do Sul, ela foi autora da morte por envenenamento de quatro familiares, entre setembro e dezembro do ano passado. Ela também é investigada por outras tentativas de homicídio na família, segundo divulgado pelos investigadores na última sexta (10).

Sogro morreu em setembro de 2024, e outras três pessoas em dezembro. No caso mais recente, grandes concentrações de arsênio foram encontradas em um bolo consumido por cinco familiares. As vítimas fatais eram irmãs e sobrinha da sogra da suspeita: Maida Berenice Flores da Silva, 58 anos, Tatiana Denize Silva dos Santos, 43 anos, e Neuza Denize Silva dos Anjos, 65. Zeli dos Anjos, 61, sogra de Deise, também foi hospitalizada, mas recebeu alta, assim como uma criança de 10 anos.

Divergências familiares antigas teriam motivado o envenenamento, ainda segundo os investigadores.

“Esta é uma investigação difícil pelo fato de a família ter, segundo os depoimentos coletados, uma convivência muito harmoniosa, (…) mas com divergências causadas basicamente por uma única pessoa”, afirmou o delegado do caso em coletiva de imprensa na última segunda (6), em referência à Deise.

Brigas teriam ocorrido há cerca de 20 anos e “eram muito pequenas”, seguiu delegado. Segundo Veloso, as informações foram obtidas por meio de relatos de familiares das vítimas coletados pelos investigadores.

Suspeita teve “postura fria, com respostas sempre na ponta da língua”, em conversas com investigadores.

Ainda segundo o delegado Veloso, Deise tem demonstrado estar “muito tranquila” e, por vezes, “esboça sorrisos” nos depoimentos que prestou enquanto investigada nas últimas semanas.

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