Bolsonaro descarta filhos para Presidência e diz ao NYT sobre 2022: ‘esqueça, perdemos’

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ANA GABRIELA OLIVEIRA LIMA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse em entrevista ao The New York Times divulgada nesta quinta-feira (16) que apoiaria algum dos filhos para concorrer ao Congresso Nacional, mas não à Presidência.

“Para você ser presidente aqui e fazer o correto, você tem que ter uma certa experiência”, afirmou o ex-mandatário ao jornal.

Ele tem dois filhos sobre os quais já se especulou a possibilidade de tentarem a Presidência, Flávio Bolsonaro, senador do PL pelo Rio de Janeiro, e Eduardo Bolsonaro, deputado federal de São Paulo pelo mesmo partido.

O próprio Eduardo já chegou a se colocar como um possível plano B caso a inelegibilidade do pai não fosse revertida.

O ex-presidente também repetiu durante a entrevista ao jornal que chegou a avaliar um decreto de estado de sítio em 2022 porque acreditou que a eleição, vencida por Lula (PT), havia sido roubada.

Bolsonaro foi declarado inelegível até 2030 em razão de ataques infundados ao sistema eleitoral e ao uso político do 7 de Setembro. Ele também foi indiciado, em novembro do ano passado, por suspeita de envolvimento em uma trama golpista para impedir a posse de Lula.

Segundo a Polícia Federal, o complô envolveu um plano de assassinato de Lula, do seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e de Alexandre de Mores, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).

Ao jornal americano, o ex-mandatário afirmou que, após ter discutido o estado de sítio, voltou atrás depois que Moraes rejeitou o pedido do PL para invalidar votos depositados nas eleições de 2022 e sua equipe entendeu que o Congresso também teria que aprovar o estado de sítio. ” ‘Esqueça’, ele disse. ‘Nós perdemos'”, relata o jornal.

Bolsonaro também afirmou não saber nada sobre o plano para matar Lula, Alckmin e Moraes. “Quem quer que seja que tenha elaborado este possível plano deve responder”, disse. “Por minha parte, não houve nenhuma tentativa de executar as três autoridades”.

O ex-presidente também diminuiu a importância das acusações, afirmando que o plano era “inviável” e “impossível”.

Disse ainda que não se preocupa em ser julgado, mas com quem o julgará, em referência a Moraes.

Além do caso da trama golpista, Bolsonaro já foi indiciado em outras duas frentes de investigação: por joias recebidas da Arábia Saudita e pelo caso da falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19.

O ex-presidente afirmou se sentir vigiado “o tempo todo” e disse que “o sistema não me quer preso, me quer eliminado”.

Sobre a inelegibilidade declarada em caso envolvendo a reunião com diplomatas estrangeiros, quando destilou ataques infundados sobre a Justiça Eleitoral, Bolsonaro disse ao jornal que a sentença é uma “violação à democracia” e que busca formas de se apresentar nas eleições do ano que vem.

Segundo o jornal, ele também afirmou que dois magistrados nomeados por ele para compor o STF -André Mendonça e Kássio Nunes Marques- disseram a ele “que minha inelegibilidade é absurda”.

Mendonça e Kássio Nunes vão compor o TSE antes das próximas eleições presidenciais.

POSSE DE TRUMP

Na entrevista, Bolsonaro também afirmou estar orgulhoso com o convite de Trump para que ele acompanhe a posse nos Estados Unidos, programada para ocorrer na próxima segunda-feira (20).

“Me sinto como uma criança outra vez com o convite de Trump. Estou entusiasmado. Já nem tomo viagra mais”, disse, em referência ao medicamento para disfunção erétil.

Nesta quinta-feira (16), Moraes negou o pedido de Bolsonaro para ir à posse.

O passaporte do ex-presidente está retido em decorrência das investigações das quais ele é alvo, incluindo a que trata da suspeita de envolvimento na trama golpista de 2022.

Na reportagem do The New York Times, Bolsonaro e Trump são chamados de doppelgängers -termo de origem alemã utilizado para se referir a pessoas idênticas- políticos em razão de suas trajetórias marcadas por perdas de eleições acompanhadas de acusações de fraude.

Bolsonaro também afirmou ao jornal entender que “as redes sociais definem as eleições” e que Trump, Elon Musk e Mark Zuckerberg lideram um movimento a favor da liberdade de expressão que, ele espera, pode impactar a política no Brasil.

O ex-presidente também elogiou Mark Zuckergerg depois que o empresário anunciou, na semana passada, que vai eliminar o programa de checagem em suas plataformas, em um aceno a Trump.

A explicação de como Trump e os magnatas da tecnologia poderiam ajudá-lo em seus desafios jurídicos, entretanto, foi entendida pela reportagem do The New York Times como “vaga”. O ex-presidente disse que “não vai tentar dar conselhos a Trump”, mas que “espera que sua política realmente repercuta no Brasil”.

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